sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Buônas Antradas

2012

Que grande bentaneira a l´antrada
parece que pulhi fuora nun se bei quaije nada
You que cuidaba que se iba abrir ua rodeira lharga
beio ua caleija apertadica, chena de regubiuras

Que penhascal ye aquel ne l sitio de l miu praino?
Qu´amboras me traem ls uolhos de l´ ancerteza?
Que lonjura de rábia me quier assigurar más alhá?

Nó, nun bou por ende, cumo l poeta dezie
Quiero ber l´outro mirar, l´outra alegrie
L feturo reimbentado que you leio, si
Ne l mirar dun nino que joga sien miedo
Al ampeço de l´anho, al ampeço de la bida
Fazendo sou própio camino.


Teres Almeida 30.12.2011

sábado, 24 de dezembro de 2011

Palavras rendilhadas em mantas de retalhos


Sabia-te poderosa
de encantar como as sereias.
Sequiosa também de teias
tecidas, dolentemente, nas ameias
de um castelo qualquer
onde não avisto sequer uma rosa!

Sabia-te semeadora
de jardins de flores raras
medrando só em interiores
abertos a esplendores
que se intensificam
quando pronunciadas.

Sabia-te mediadora
de conflitos aguerridos
crescendo em raivas incontidas
ressaltando o rubro do rosto
transfigurando um doce corpo.

Amava-te
de um amor apenas meu.
Sabia-te admirada
e idolatrada por poetas…
Em poesia rendilhada
subia ao azul do céu…

Sabia.
Conhecia.
Vivia
momentos encantatórios.

Sei.
Conheço.
Vivo
momentos difamatórios
descascando lembranças
nossas,
guardadas no sótão de cada uma,
amigas!

Num repente estamos eufóricas
e as palavras rendilhadas
preenchem a manta de retalhos
que arrastamos nos marasmos
da insensaboria dos dias.

Ontem, amigas, em palavras,
refizemos vidas…

OF 17-12-11 (Poema alusivo ao serão pós lançamento do Ousadia, entre amigas...)
http://www.worldartfriends.com/pt/club/poesia/palavras-rendilhadas-em-mantas-de-retalhos 

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

UMA TOCHA ACESA NA NOITE




Uma tocha acesa na noite
parecia dizer: entra amigo
Tinhas um dia cheio, eu sei
mas estás habituado a rasgar caminhos
e não hesitaste
num espaço de amizade entraste

entraste e nos olhos trazias
a força e a luz que eu precisava
porque sem ti amigo
uma tocha acesa na noite
não faria sentido

Senti que um dia bravo e agitado
no planalto, para mim nasceu
e ventos ciclónicos escureciam o céu
Mas nasciam rios de sorrisos
que desaguavam em mares de ondas bravas
num agreste nordeste, em abraços se espraiavam
calmas e seguras as palavras

Poesias e telas fizeram-se verdade
num encontro breve
de gente inteira que se sabe dar
como rosas em verão quente
em terra inóspita e gelada
que o amor escolheu
para nela se fazer luz e mar

Teresa Almeida 16-12-2011 

domingo, 11 de dezembro de 2011

PINCELADAS POÉTICAS - OUSADIA


"Eis o segredo: o amor é a verdadeira fonte da poesia, toda a geografia da poetisa é uma geografia de amor, de amores e de encantamentos. Então, nada vem de fora pois tudo de transforma dentro."
(Amadeu Ferreira in Ousadia)

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

PEDRA A PEDRA


                                             (do blogue Amigos de Lagoaça)
PEDRA A PEDRA

Pedra a pedra o blogue vai crescendo
como muro, alicerce de um povo
De um tempo em que as mãos edificavam
... e pedras aparelhavam
Como sonhos que sobreviviam
mesmo em terreno alcantilado

Companheiros da minha infância
como nos lembramos…
das casinhas feitas de pedras preciosas
pedaços que pelos caminhos ficavam
E aquelas mais redondinhas
moldadas pelo temporais
eram berlindes de mil cores

que às mecas jogavam

De tudo isto a vida se fazia
presa a muros graníticos de certezas
herdadas de nossos avós
homens e mulheres que de valores
muralharam o mundo
e seguro o sonharam para nós


Em muros de memórias e afetos
como cordões umbilicais
estaremos sempre ligados
mesmo sentindo que dia a dia

a esperança se esvai
e um cravo vermelho vai murchando
em cada pedra que cai

Teresa Almeida 02-11-2011

domingo, 27 de novembro de 2011

TANGO


Assim, de repente. Os sapatos de prego calcei
e como se ao teu poema eu me abandonasse
entrei no tango
E a beleza dos nossos passos em perfeito enlace
picavam certas as palavras como se eu o cantasse
Afasto-me e rodopio
como se o teu olhar o meu corpo abraçasse


E, como se arrependida eu estivesse
na tua mão segura, aos teus braços voltei
E como se em teus lábios me demorasse
fui deslizando na praça
e num verso sincopado quase me deitei
Como se em Buenos Aires, um fado de saudade,
no tango se dançasse
Teresa Almeida 27 - 11 - 2011

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

AS PALAVRAS PINTAM-SE NA TELA


É no caminhar que está a graça
É na procura que vive a paixão

A palavra e o tom cruzam-se
naquela melodia, que de tão bela
está sempre mais além
como canção que ainda não se inventou

As palavras pintam-se na tela
e um mundo onírico escapa-se através dela
como algo que dizendo-se não se diz

Em cada alvorada há um novo amanhecer
e o que eu era já não sou

Aquele novo tom que clareia
é um sentimento, que de tão puro e intenso
sonha múltiplas formas de expressão

Teresa Almeida 21-11-2011

terça-feira, 22 de novembro de 2011

domingo, 20 de novembro de 2011

Homenagem a Teresa Almeida




Minha Amiga, Companheira, Minha Mãe
Arranco à madrugada
palavras que chamei
e dela teimam em não desprender.
Ousada! Sem dúvida! E porque não?!
se o sentir nos enche a alma
e guia os passos.
Generosa! Corajosa!
Gritando do íntimo
Rasgos d´alma,
que assomam e assombram,
quando tantos se escondem!
A par dos que voam mais alto,
tocas longe...
trazes claridade no sorriso,
asas leves,  livres,
a pairar sobre nós.
Paz, conforto, alegria, Amor!
E agradecida, eu!
pela dádiva de partilhar
este momento teu
e por fazer parte da tua vida!
Carla


quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Cumbite



Amadeu Ferreira cuntina, cun arte i antusiasmo, dando bida a la nuossa 2ª lhéngua oufecial L MIRANDÉS. 

Por esta obra i pula atebidade que ben zambolbendo deixo eiqui registado l miu aprécio i un grande abraço de parabienes.

Porque l'outor quedarie ancantado cula buossa perséncia publico eiqui l cumbite.

La Sé de Miranda ye na berdade l sítio cierto para este salimiento.
Bien háiades.

Beisicos

sábado, 5 de novembro de 2011

SAUDADE




 


É de saudade que a alma geme
nas cordas de uma guitarra
É na noite imensa que a saudade nasce
... e carpindo memórias e desamores
se faz ao fado na palavra

Feita de capas negras ondulantes
rota de beijos e abraços escondidos
sendo vadia e louca por natureza
em bares e becos anda perdida
só no coração fica presa

É de saudade que a folha cai
e faz o outono corar de prazer
é com a brisa que canta se esvai
roça e mói de bem querer
e as cordas da guitarra faz gemer

Ser português é sentir a saudade
de sulcar mares de coragem e ousadia
é lutar contra a injustiça e a fatalidade
e não ter medo de voltar à mocidade
de um tempo em que o sonho não doía

Teresa Almeida 05-11-2011

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Pinceladas poéticas

Muda tudo
numa pincelada, num tom incendiado
numa palavra a descoberto
num olhar...

O reencontro acontece
naquela nova nuance
que pela frincha da porta se esgueirou
e no tristonho e abandonado castelo
de ausências enegrecido
penetrou

O reencontro acontece
e um pulsar brilhante de estrelas
faz tremer de intenso prazer
aquela tela
como um raio de sol
em manhã pardacenta
como arco-íris pintado na palavra
que em deleite se espalha
estonteada

e deambula
em versos prenhes de natureza
em arcos, muralhas e laços
e baila no terreiro
em luz, cor e harmonia
e pela noite dentro se aclara e se faz dia

Muda tudo
numa palavra, num tom incendiado
num olhar enamorado

Teresa Almeida 01-10-2011

domingo, 30 de outubro de 2011

Amigos de Lagoaça


                       
É a saudade que aperta

e levou o amigo Ramalho

a abrir um portal sem medidas
e os amigos de Lagoaça
pardais destes e de outros tempos
andam agora num rodopio
e voam de galho em galho
em oliveiras de arribas
como nos lembra o Abílio


Uns escrevem pela noite dentro
outros ao romper da aurora
e os que comentam e apoiam
e como o Antunes contam

de Lagoaça a história
para matar a louca saudade
fazem aqui um grande encontro
uma página de amizade

É a saudade que aperta
quando o Sobral abre com graça
 memórias da fonte da praça
e dos passeios à estação
É a saudade que aperta
dos tempos que já lá vão
quando o nosso amigo Miro
recorda o encanto que tinha
um passeio à cruzinha

É a saudade que aperta
e bate forte nos Açores
Em tão exuberante natureza
até Deus se perdeu de amores
e quase todos os dias
recebemos do Manuel Pires
um especial  ramalhete de flores

quinta-feira, 27 de outubro de 2011



Levantei-me hoje cedo
E no leito do rio havia
Um tecido de cambraia
que a luz refletia
Cortei o melhor bocado
E vesti-me de poesia


Teresa Almeida 02-03-2011

domingo, 23 de outubro de 2011

L corneteiro de D. Fonso Anriqueç


Diç que antigamiente, ne l tiempo de ls reis i de las rainhas, an que las pitas tenien dientes, diç que, anton - l storiadores que me perdónen se bou a dezir algun çparate - quando se cunquistaba ua cidade, era questume todo mundo de l eizército ambasor tener parte ne l "saque". Mas nun era assi de qualquiera maneira: solo se podie ampeçar a arrebanhar l que se ancuntraba quando l quemandante d el eizército, l rei, disse l'orde para ampeçar i acababa quando l rei mandasse parar. Ora, essas ordes éran dadas pul corneteiro de l rei: un toque para ampeçar i outro, çfrente, para parar.
Muito bien. Diç que, anton, quando l eizército de D. Fonso cunquistou Lisboua, aquilho staba todo mundo culs pios ne l "arrebanhadeiro" que se iba a seguir, que Lisboua yá naquel tiempo tenie fama de haber muito adonde botar la mano.
Pus si senhor, arrumbadas las puortas i alhebantada la bandeira Pertuesa, D. Fonso chamou anton l corneteiro i dixo-le que a tal hora dira l toque para ampeçar i que al streponer l sol dira l toque para parar. Ora, l nuosso heirói, l lhafrau de l corneteiro, a la hora treminada si dou l toque para ampeçar, mas apuis, mius homes, bós manginai-bos, un pouca-roupa "de l norte", la purmeira beç an Lisboua i cun licença para botar la mano al que se le antolhasse, aquilho l home passou-le cumo al de Ruolos, cegou-se culas riquezas i culs ancantos de la "moirama" i, bardinote, amborrachou-se, anrodelhou-se ne ls béus de ua filha de Maomé, perdiu-le l tino a la corneta i squeciu-se-le de tocar para parar.
De maneira que, i cumo manda la lei de D. Fonso que naide dá fé de haber sido "rebogada", zde aquel tiempo, aquilho an Lisboua ye un ber quien arrebanha más i quien ye capaç de ajuntar l "saque" más taludo.
Anté hoije!
 
Alfredo Cameirão

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Voo livre


Entrelaçam-se  heras nos meus sonhos
que tardam na despedida de Verão
Tento forçar o ferrolho de ferro
que minhas venturas aprisionou
Olho agora a porta viva
de paixões agrestes rachada
que  antiga e nobre arte guardou
Cá fora o Outono. Em voo livre
 folhas ardem em poesia
e em  pintura se tornou
o meu mundo sem estação

Teresa Almeida 17-10-2011

sábado, 15 de outubro de 2011

Lagoaça cheira a flor de laranjeira

                                                                     É da assomada que o precipício se desenha
e a beleza arrepia

Profundo, largo e imponente
é o Douro lagoaceiro

Entre íngremes montanhas
espraia-se sorridente

É uma força que a luz acende
e pinta de um verde sedutor
a folha da oliveira

Há uma fragância que sobe as arribas
é de flor de laranjeira

Teresa Almeida 15-10-2011

domingo, 9 de outubro de 2011

L miu riu

                                                   
  
Abaixaran-te las augas, l bigor
ua cuorda triste i sbranquenhada
apérta-te  agora ls cunhos
i tu scuorres debagarico
nun Outonho que nun çcola de l berano


 Anda triste l riu


Yá nun oubo l tou sereno cantar
que  m´arrolha la lhembráncia
Mesmo al loinge
ne l assomadeiro de la cruç
beio un abismo de belheza que ye nuosso
que mos assigura an faias de sprança


 Inda onte a la nuite, mesmo de lhoinge
te fui a bejitar
i nun siléncio que m’sdmirou
reparei qu'an remansos te deitabas
i, cula lhuna abraçada a ti,
relhuzies


Anda triste l riu


Lhágrimas arramadas an rumiacos de tristeza
muolen-mos la suidade
dun riu datrás altaneiro i atrebido
que cantaba i galgaba peinhas
nun sabido cantar d'amigo


 Falta-te l'abundáncia que mana de l cielo
tarda l’auga que te lhieba l'amargura
i las cuordas de la tortura


 Para adonde lhebórun la tua fuorça i alegrie
Qu'an abraços se fazie?


Anda triste l riu


Nunca scabaran l tou suolo
porque an Lhagonaça i an Miranda
sós tu que scabas fondo
 i ancho te fazes  baliente


 Por mais que de tristeza quergas screbir
hás-d' ir al renhon de l Ambierno
a saber de la fuorça i la zamboltura
i  un cheiro  de flor de laranjeira
chubirá las arribas
an Lhagonaça,  miu bentre materno


 I ls uolhos miraran
l berde azeituna de las oulibeiras
i la suabidade relhamposa de las  lharanjeiras 


De l fondo de tue cama cuntinará a rumper
 la fuorça i l'oudácia dun riu D´ouro
para siempre an ti
lhuç i seiba de bida poder nacer


Teresa Almeida, 05-10-2011

O MEU RIO

Deslizas agora fundo, angustiado
entre  penhascos de rebordos esbranquiçados
marcas de ausência de chuvas
que te trazem esganado
num Outono que não descola do estio

Anda triste o rio

Já não ouço o teu meigo cantar
que me embala a lembrança
Mesmo à distância
no miradouro da cruz
vejo um abismo de beleza que é nosso
e nos segura em penhascos de esperança

Lágrimas vertidas em limos de tristeza
moem-nos a saudade
de um rio outrora altaneiro e atrevido
que cantava e galgava escarpas
num sábio cantar de amigo
Para onde levaram a tua força e alegria
que em abraços se fazia?

Anda triste o rio

Jamais cavarão o teu chão
porque em Lagoaça e em Miranda
és tu que cavas fundo, amigo
e largo te fazes imponente
Por mais que de tristeza queiras escrever
ainda te sonho valente

Irás ao rigor do Inverno
buscar  força e  subtileza
e a tua fragância de flor de laranjeira
subirá as arribas
em Lagoaça,  meu ventre materno

E os olhos se espraiarão
entre o verde azeitona das oliveiras
e a suavidade luminosa das  laranjeiras
Tenho vontade de correr à assomada
quando em maroma te fizeres

 Do fundo do teu leito
 continuará a romper
 a força e a audácia de um rio D´ouro
e, para sempre em ti
luz e seiva de vida irá nascer
                                                    

Mãos

Obra editada "EM SUSPENSO"
as minhas mãos.
Reparo nelas…
Pouso-as
separando, delicadamente,
cada um dos dedos…
Como se escancarasse
a porta da rua
ao amigo.


Observo-as…
Acaricio cada dedo.
Não pela pela sua beleza
antes pela sua dureza.
Acompanham-me…
Como são imprescindíveis!
Mas não dei valor…
Acordo de um torpor,
perfeitamente inadmissível.


Via nelas a imperfeição…
A pele irregular,
que oleosos cremes
não podem disfarçar.


Hoje, deslumbro-me
E só vejo perfeição.
Executam os gestos,
que dita o coração.


Com as mãos acaricio
os rostos e as coisas.
Com as mãos partilho,
todo o meu mundo.
São esperança…
São herança
que deixo ao filho.


OF 21-03-201

Morar no teu sorriso


O meu Livro


Abri o peito, soltaram-se luas,
Mordi os lábios e beijei a dor.
Toquei as mãos de dedos nuas
Bebi em ondas o meu suor.

Arranhei a alma, escrevi na pele,
Parti os olhos para não ver.
Comi despojos a saber a fel,
Morri assim por não te ter.

Acordei do sonho, nasceu o sol
Encurtei distâncias, fiz-me mar.
Eu fui veleiro, tu o farol,
No teu sorriso quero morar.
Acubri-te an tierra
Para an tierra medrares
Reguei-te de la fuonte
Para nun te secares
Medreste debrebe
Debrebe floriste
Fuste-te debrebe
Mas siempre beniste

Acubri-te na tierra
Fuorte te faziste

Arranquei-te las yerbas:
Cherinchos, yerbas mouras
Berdulagas, grama
Paridas pula tierra
Tan bien amanhada
Puis nun fáltan yerbas
Na tierra strecada                                        

Arranquei-te las yerbas
Sien te doler nada

Acubri-te an carino
Para te tirar l miedo
An beisos i abraços
Para que nun tritasses
Aperteste ls lhaços
Agarrando la cemba
Puis que naide dará
L que ne l peito nun tenga

Acubri-te an carino
Para que de drento te benga!


Screbido die 26, die de ls anhos de l miu filho mais nuobo, Rui.

sábado, 1 de outubro de 2011

EU SONHO

E eu sonho
nesta noite em que na terra
chispam estrelas
que uma pedra redonda feita planeta
acordou, de repente, da letargia
em que anoitecia

E eu sonho
que os montes ganharam bicos
como gritos estridentes
que picaram os céus
e acordaram os deuses
que loucos ficaram
com a loucura que  viram à solta

E as palavras  poéticas que deixaram
deslizavam em mares de revolta
e o planeta azul deixou de ser
o fogo do amor perdeu a chama
para em pedra se converter

E eu sonho
Que chisparão palavras feitas estrelas
de ternura,  beleza e clarividência
e com o brilho e a força delas
a pedra ganhará perfeita  rotação
e sempre seguirá
presa ao chão

E eu sonho…

Teresa Almeida 30-09-2011

 




quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O teu olhar de veludo


Queria ser a fragância que desperta

com a brisa matinal
 e em ti se aninha


Queria ser a nota musical
que em ti tocou
 e raiz ganhou


Queria ser o arrepio
que te percorre a espinha
e o teu corpo desalinha

Queria  mais que tudo

acender a centelha

do teu olhar de veludo

Teresa Almeida  29-09-2011

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Agarra-te


Havia  um tumulto intenso
em olhares perdidos no mar imenso
as ondas revolviam tempestades
nascidas em mar profundo
e eu que tinha perdido o chão
desesperava

reluziam rugas desenhadas à pressa
apertavam-se mãos em fúria desusada
num barco que à deriva
balançava

Agarra-te  ouvia dizer
escrevem para te baralhar
as ideias navegam em confusão
segura o leme

Uma ponta de fio de razão
essa  corda de esperança
bordada a pontos luz
na linha do meu horizonte
procurava

 Teresa Almeida 26-09-2011

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Salpicos de ternura

Eu a julgar que entrava em ti
com aquela vontade chamuscada
de abraços a matar saudades…

com aquele fresquinho  sedutor   
que me cobria de poesias
em folhas loiras e avermelhadas
e a brisa que as desprendia
numa suave melodia
que nos teus braços me embalava

mas tu chegas  cheio de calor
secas as amoras silvestres 
que pelos caminhos saboreava
contigo

escondes  lágrimas  transparentes
salpicos de ternura
que espalhavas docemente
em minha pele

e eu quase não te encontro amigo
Teresa Almeida 23-09-2011

JÚLIO RESENDE





"Gostaria de ficar na memória como um pintor da paz"

          Júlio Resende

                 






Ye ua grande honra pa la nuossa tierra tener paredes cun pinturas tan guapas de l mestre.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Poema vadio

És um poema vadio
de rima desfeita espezinhada

As palavras, lágrimas sem fio
lançadas à toa na enxurrada
e de alma perdida

Foste escorregando  da linha
amar já não quiseste

Roubaram-te a raça pura das ideias

Moribundo tristonho e sem graça
de ser tu deixaste

Teresa Almeida 21-09-2011

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Nem sempre acerto o ritmo

Nem sempre acerto o meu ritmo às ondas do mar
 a mim parecidas no seu inconstante palpitar
A calmaria que eu  sentiria  se  nelas me embalasse
naquele  dia em que junto a mim despertaste

Nem sempre acerto o meu ritmo ao sabor do vento
que no meu olhar vai marcando o tempo
Mas agarrar-lhe-ia  a força de mudar de direcção
para contrariar a saudade que  me esfarrapa o coração

Nem sempre acerto o meu ritmo à trovoada
 que fustiga furiosa  sem ser esperada

De andar por aí descuidada não me importaria

sabendo que em cálido abrigo te encontraria

Teresa Almeida 25-08-2011

domingo, 18 de setembro de 2011

Basta-me esse sorriso

Basta-me esse sorriso
onde eu vivo

perco-me se o perder
Tudo vale a pena
se esse sorriso eu tiver

Esse sorriso
lê-me a alma inteira
tem a luz que o caminho precisa
quando a escuridão se desenha

Teresa Almeida 18-09-2011