quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013
ousadia
Flutuo na musicalidade das palavras
no riso da minha mãe, no sorriso
e nos salpicos de ternura de filhas e netas
na saudade de um grande amigo - o meu pai
no quintal da minha avó, na eira e nos brincos de cerejas
corro sonhos em ladeiras
flutuo no encantamento do rio
na esperança e no aprumo dos pinheiros
e em fragrâncias de flor de laranjeira
mas nem sempre acerto o ritmo,
tropeço na falsidade, na dor, na desilusão,
no desencanto, na tempestade, no verso arrastado vadio
esfarrapado, no ciúme, no abandono e na ingratidão
mas puxo lentamente a cortina
agarro cordas de esperança
rasgo a Primavera do alto das arribas do Douro
assalto castelos, rompo sapatos
vagabundeio em desfiladeiros de amor
o meu tesouro
os sonhos fazem-se ao largo
embrenho-me na sedução do mar e em nesgas de praia
onde o carinho é luzeiro, uma exaltação, um bem maior
deslumbro-me na Índia nos bailes repasseados, no som das gaitas de foles
devaneio num portão de mar
numa varanda do Faial o esplendor, o fascínio original
abro pastas de rosas prenhes de madrugadas e olhares de veludo
chispam estrelas nas palavras
permaneço na alegria da nossa canção
e esta ousadia não controlo nem procuro saída
mais que tudo
a poesia é emoção, é um brinde à vida.
sábado, 16 de fevereiro de 2013
CONVITE
Lançamento de " Ousadia"
Sexta- Feira, 22 de Fevereiro de 2011
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013
Em Fevereiro - noites de Maio!
jovem atrevida e descuidada
o riso a música a sedução
horas de Maio a despontar
o coração à flor da pele
e a noite no olhar a palpitar
e o embrião da flor
do amor a perturbação
sem hesitação nas voltas
soltas as notas da paixão
no Porto a noite enfeitiçada
nos corpos o ritmo a nascer
e era a chispa a excitação
e era voz apenas melodia
era intenso o calor da pele
era a dança que descobria
os abraços inquietos acertados
e a ousadia que na noite crescia
perdido o tino ao calendário
a descontração e o fulgor da mocidade
não sei se ainda guardas aquela noite
que de Fevereiro faz Maio
marco de dias, meses e anos
guarida da atração que amadureceu
canção que na vida se entendeu
Ai, Valentim
Não sei se o mar teria
um marulhar tão sedutor
se não trouxesse à maresia
se não trouxesse à maresia
saudades do meu amor
um marulhar tão sedutor
se não trouxesse à maresia
se não trouxesse à maresia
saudades do meu amor
E se as ondas não se desfizessem
em lágrimas e beijos à mistura
Talvez nem tu mesmo soubesses
talvez nem tu mesmo soubesses
que se desfazem de ternura
em lágrimas e beijos à mistura
Talvez nem tu mesmo soubesses
talvez nem tu mesmo soubesses
que se desfazem de ternura
Não sei se o mar teria
este jeito apaixonado
se nos teus braços um dia
se nos teus braços um dia
eu não tivesse naufragado
este jeito apaixonado
se nos teus braços um dia
se nos teus braços um dia
eu não tivesse naufragado
Não sei se o mar seria
imenso louco e febril
se não trouxesse escondida
se não trouxesse escondida
esta paixão primaveril
imenso louco e febril
se não trouxesse escondida
se não trouxesse escondida
esta paixão primaveril
E se hoje eu não escrevesse
na areia ansiosa e molhada
talvez o meu amor não soubesse
talvez o meu amor não soubesse
que ainda estou apaixonada
na areia ansiosa e molhada
talvez o meu amor não soubesse
talvez o meu amor não soubesse
que ainda estou apaixonada
E se eu hoje não estivesse
no palco que se faz ao largo
talvez Valentim se entristecesse
Talvez Valentim se entristecesse
por não cantar o meu fado
no palco que se faz ao largo
talvez Valentim se entristecesse
Talvez Valentim se entristecesse
por não cantar o meu fado
Teresa Almeida
sábado, 9 de fevereiro de 2013
La magie de la praça
Torna atrás i sinte la simplecidade de la casa. Las arcadas acolhedoras
abráçan mos a la chegada. Ben a la baranda i sinte
la magie de la tarde cálida ne l Praino. Ua tarde cun sentimiento.
Sinte la sinfonie de la ribeira que mos refresca la miente
i l retombo de ls segredos de l mar ne l búzio de la mie anfáncia.
Esta baranda de prainada ten ua fruiçon abierta al eirreal
mas ye rial esta pracica, las casas i la giente que mora neilhas.
Ls ninos sóltan-se por ende a la macaca, a ua de la mula, a las scundidas...
Ye la praça que las cumbida.
Repara na risa de la tarde ne l mirar de la mie bezina.
Ne l aceinho cúmplice l prazer de l'amisade. L prazer de star hoije eiqui.
L perfume de l café ye ancumparable eilhi na splanada, nien sei porquei.
Mas sinte-se ambiente. Calor houmano. Cuntentamiento.
Ah i la roseira que chube la queluna de la casa al lhado la mie,
mais a la dreita, aqueilha que cedo spreita la manhana. Ye ua rosa bacará.
Yá solo ten ua rosa ye berdade, mas alhumbra la tarde.
I l tiempo ten eiqui un lhugar para ti. Nien te sei splicar
cumo quedas bien neste lhugar. Fazies falta. Ye qu'hai sítios
que nacírun assi cun alma i cumo ye buono aporbeitar
l sereno desta pracica. Stou na baranda i sinto te achegar
i la tarde queda inda mais guapa i la praça ten outro balor.
Mira cumo l´amargura de tou sumbrante se zbaneciu i sintes
esta buntade de bibir - cumo you.
A magia da praça
Volta atrás e sente a simplicidade da casa. As arcadas acolhedoras
abraçam-nos à chegada. Vem à varanda e sente
a magia da tarde cálida no planalto. Uma tarde com sentimento.
Sente a sinfonia da ribeira que nos refresca a mente
e o eco dos segredos do mar no búzio da minha infância.
Esta varanda planáltica tem uma fruição aberta ao irreal
mas é real esta pracinha e as casas e a gente que mora nelas.
As crianças soltam-se por aí à macaca, ao eixo, às escondidas...
É a praça que as convida.
Repara como sorri a tarde no olhar da minha vizinha.
No aceno cúmplice o prazer da amizade. O prazer de estar hoje aqui.
O perfume do café é incomparável ali na esplanada, nem sei porquê.
Mas sente-se ambiente. Calor humano. Contentamento.
Ah e a roseira que sobe a coluna da casa ao lado da minha,
mais à direita, aquela que cedo espreita a manhã. É uma rosa bacará.
Já só tem uma rosa é verdade, mas ilumina a tarde.
E o tempo tem aqui um lugar para ti. Nem te sei explicar
como ficas bem neste lugar. Fazias falta. É que há sítios
que nasceram assim com alma e como é bom aproveitar
a calma desta pracinha. Estou na varanda e sinto-te aproximar
e a tarde fica ainda mais harmoniosa e a praça tem outro valor.
Repara como o teu semblante se desvaneceu e sentes
esta vontade de viver - como eu.
Teresa Almeida
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