A primeira vez que de ti me abeirei
todas as sedes me tomaram. Sem raça nem credo.
Cruzei-te num primeiro abraço, mar sonhado, desejado
e
finalmente sentido. Quando a coragem permitiu
o primeiro
mergulho, até a areia me bordou o corpo,
ponto por ponto. As cores brincavam e eram tantas
que despertavam e refletiam a luz que queria minha.
Nos meus olhos de céu e mar cruzavam-se correntes
loucas,
e eu já sem roupa fiquei à tona e deixei-me prender
nas mais belas cores. Fiz-me laço, palmarés de
glorioso arco iris.
Sei, sei que te dei versos sem palavras e, num
silêncio prometedor,
até as czardas se ouviram. As czardas que bailaria
com paixão.
As czardas que, para ti, escreveria com emoção.
Nos meus versos o mar endureceu, as lágrimas fizeram
nuvens
e foram quentes
as cores que me vestiram.
Confesso: fui apanhada e fiquei onda a pulsar em mar alto.
No meu horizonte as palavras também se despiram de
chavetas
e ficaram tão abertas até se fazerem espírito,
fado falado, morna resgatada, sal de miscigenação.
Teresa Almeida Subtil
Teresa Almeida Subtil