Para todos ls blogueiros BUONAS FIESTAS I FELIÇ ANHO NUOBO!!
terça-feira, 24 de dezembro de 2019
sábado, 21 de dezembro de 2019
Magia do Natal
Nunca esquecerei a magia do Natal, nem teus olhos em brasa
em frente às filhós e às rabanadas. Não quero perder-me num universo sem
estrelas. Quero o Natal todos os dia e a desoras.
Avó, continuas sentada ao lume a tender bolas de sertã na
saia rodada, negra e comprida e o pano de linho entre ela e a massa. E o azeite
no ponto, que bem cheirava! Se não fosse esse ambiente, a fogueira na praça e o
beijo ao Menino Jesus, o Natal não era nada. Eu sonhava e rezava por brinquedos
que nunca tive, mas quando acordava lá estava o sapatinho junto à cinza e
qualquer coisa nele brilhava. "Lembraram-se de mim!" Era o mais
importante. Que magia era aquela que não me dececionava! Bastava a reunião da
família para que o calor irradiasse pela noite fora. Bastava que ninguém
faltasse naquela hora. E como o silêncio falava! Depois as pessoas fizeram-se
estrelas e deixaram o lume aceso para que o espírito de Natal não se apagasse
em nós.
Teresa Almeida Subtil
terça-feira, 10 de dezembro de 2019
"Podia ter sido"
Era
o primeiro de Dezembro quando desembocámos no monumento natural Las Médulas –
Leon –formações resultantes de extrações de ouro, há mais de 2000 anos e
declarado património mundial pela UNESCO. É a maior exploração, a céu aberto,
de todo o império romano. Podia ter sido outro o local para festejar o primeiro
de Dezembro. Neste era mesmo improvável, mas tínhamos ido a Chaves, ao
lançamento do livro do amigo José Maldonado e estávamos mais próximos daquela
paisagem de uma beleza singular. Pareceram-me próximas e outros dizem que estão
muito distantes. Depende do local de partida e do deslumbramento à chegada. Entrámos
no primeiro restaurante para não perdermos tempo. Entre grafonolas e artigos
agrícolas fomos bem servidos: “botillo del Bierzo” e “café de puchero”. A casa
fora feita pedaço a pedaço num barracão que o casal havia comprado há anos.
Tinham vindo de França onde o trabalho era ainda mais duro. Vendiam todos os objetos
do espaço exceto a grafonola que nos interessava. Por ali havia aparelhos
musicais muito antigos. Despojavam-se de tudo, mas da música não. E havia
visita guiada aos tesouros. Apetecia-nos ficar mais um pouco, mas era urgente
partir porque as tardes de Dezembro são muito curtas. Prometemos voltar.
Poderia ter chovido como estava programado, mas o tempo abriu alas e até
permitiu que entrássemos em grutas apertadas, com chapéu de lata e foco na mão.
Três graciosas espanholas fizeram-nos companhia. Poderiam ter estado noutro
local, mas passaram por ali e deram-nos indicações preciosas. “Afinal as
galerias já abriram” diziam elas e eu nem queria acreditar na hipótese de me
debruçar naquela varanda pendurada num abismo surreal. A terra e a pedra
aglomeradas apresentavam tons vermelhos e alaranjados. Os morros lembravam as
chaminés de fada da Turquia pela exuberância e pelo mistério. Castanheiros e
carvalhos implantavam-se com arte num ambiente febril. Envolviam-nos melodias
de há dois mil anos e só as ouve quem lhes pressente a evasão. Deveria haver
horas de descanso, música e poesia para alimentar o espírito. Só poderia ser
assim. Há pessoas predestinadas para se guindarem às estrelas após árduos
trabalhos e projetos de futuro. Garimpavam ouro com técnicas especiais.
Poderíamos
não ter vindo ao lançamento do livro “Podia ter Sido”, mas ainda bem que viemos
e ouvimos da voz do autor que caminhos outros poderia ter andado, mas foram
aqueles os que trilhou.
Na
verdade, talvez tivéssemos visto só metade da paisagem, mas valeu a pena.
Regressámos ao hotel Termas que nos agradou sobremaneira. Boa relação preço-qualidade.
Logo à entrada o perfume era de bem-estar, o que à partida é uma nota de
boas-vindas. Limpo, cuidado e sem pretensões. Escolha acertada, pensava eu.
Pessoal do tipo familiar e o pequeno-almoço também. “Prove a minha compota de
abóbora! dizia-me a responsável. O rapaz da receção acompanhou-nos e resolveu
de imediato as ligações tecnológicas ao mundo a que estamos habituados.
Há
pessoas que vestem Zara e parecem uns príncipes e outras que vestem grandes marcas
e parecem espantalhos, disse isto (mais ou menos) no último programa Prós e
contras” o jornalista Luís Osório. Concordo
Poderia
não ter acontecido, mas na manhã do dia seguinte acordaram-nos as saudades dos
amigos e com eles caminhámos por uma cidade onde não faltam lojas com boas marcas
e onde os buracos surgem a cada passo porque em cada espaço, que é preciso
remodelar, surgem ruínas romanas e já sabemos que ninguém avança sobre achados
arqueológicos. O cordeiro assado no forno era do outro mundo. Já na despedida,
passámos pelo Hotel Vidago onde, em tempos áureos, eu e a minha amiga
participámos num seminário. Agora os preços são para elites e os campos de
golfe também.
Desta
vez a separação doeu mais um pouco. E nós seguimos em direção ao Porto onde a
magia da cidade invicta era sublinhada pelas iluminações de Natal.
De
facto, podia ter sido outro o destino do fim de semana, mas registo-o porque me
soube a amizade, a história, a beleza paisagística e a gastronomia
transmontana.
Teresa Almeida Subtil
01-12-2019
01-12-2019
terça-feira, 3 de dezembro de 2019
Reino de Fantasia
Lembro a
alegria da cerejeira grávida e vermelha e as cestas recheadas de amizade.
Lembro a horta farta e cuidada e os sucos a dar de beber à sede na canícula do
verão. Do calor e da sombra tenho saudades. E da merenda com frutos tropicais e
compotas da ribeira. E do cristalino espelho de água e do mundo que nele
vibrava. E do meu voo de borboleta entre a magia que pintava. Ah! E a
simplicidade das cantigas que soltavam a melodia e a festividade de um reino de
fantasia!
Sei que
nunca mais chega Agosto. Era de outro calendário onde já não me reconheço. E as as mãos, inquietas, imbuídas de ternura e perfumes de goivos, escrevem em
desatino e a poesia explode sem tino, nem lei, e tocam apenas a pele dos dias
como se fossem frutos maduros plenos de paladar.
O reino arrefeceu ... mas as mãos recusam-se a regelar.
Teresa Almeida Subtil
domingo, 24 de novembro de 2019
Quase nada
Agita-se
o Outono e é Novembro
A
chuva miúda fustiga-me os cabelos
E
gotas descem aos lábios
A
desluzir palavras
E
a deslaçar os dedos.
Quase
nada
Apenas
estrelas tombam dos candelabros
Para
acenderem olhos nos olhos
Fantasia
a arder em luz coada.
Um
aroma a goivos
Evade-se
pela porta entreaberta
E
reflexos de lamparinas rubras
Deslizam
na rua quebrada.
E
a gigantesca árvore é já poema
Com
alma e pena de bailarina
Vibrante
sina que prende a noite
À
saudade. Vadia, a palavra
É
humidade que penetra e liberta
Volúpia
de ondas azuis
Marés secretas.
TeresaAlmeida Subtil
domingo, 17 de novembro de 2019
O grito
E do lixo saiu o grito
E do grito saiu a vida
E a vida é tão bela
Que o lixo serve de estufa
A uma nova estrela
Expurgado o dia entre o terror
E a alegria
O mundo amedrontado
Prossegue a lenta agonia
Sabendo que a cada momento
Há ceifas de humanidade
E o caixote poderá ser
O mar, o camião, a vala,
O forno crematório, a podridão.
E o grito sairá de qualquer lugar
Para esmagar a falsidade, o ilusório
A maldade e os jogos de poder
E do lixo saiu o grito
E do grito saiu a vida
E a vida é tão bela
Que o lixo serve de estufa
A uma nova estrela
Teresa Almeida Subtil
sábado, 9 de novembro de 2019
Flor do tempo
Eras flor do
tempo, entusiasmo, alegria
Eras
estrela! Mesmo de candeeiro numa mão
E eu na
outra, alumiavas o breu da noite.
Eras
esgalhada numa época de portas baixas
E vistas
estreitas.
Saí do mundo mágico e a cada regresso
Sentia-te as
maleitas. E um dia
Caíste com o
cesto dos marmelos e a chave do portão.
E o leito
passou a ser-te sala, rua, quintal
E a vinha
que já não desfolhavas, mas amavas.
E foste
perdendo a razão.
Não voltaste
a levar o banco ao arraial.
Nem à praça,
nem ao poial das amigas.
Eras do
tempo em que as viúvas não iam a festas
Nem cantavam
na igreja.
Mas tu a
cantar, rezavas.
A vida era
bela. Deste-me este sentimento.
Partiste um
dia e perdemos-te o chão sagrado
Mas o teu
nome ficou exarado com a família
Adília do
Nascimento, avó querida
Estrela que
me guia
Teresa Almeida Subtil
sexta-feira, 1 de novembro de 2019
A Casa II
Estranha, de
ausências desmedidas
Espaço
imenso e paredes gretadas
E eu? A quem
digo das emoções?
Nas janelas
faltam chilreios
E gerânios
esculpidos no horizonte.
Não vejo a
ponte e as cores do alvoroço.
Só os verdes
das magnólias
E as flores
brancas dizem de nós.
E o azevinho
de bolas vermelhas
Aproxima a
ternura do Natal
Que
desenhavas no olhar
Chegaram os
primeiros frios
E, talvez, a
fogueira
Arda no
peito e o azevinho enfeite
O parapeito
da chaminé
E o Natal
comece hoje pela manhã
E o poema
rebente na euforia de outrora
E o vazio se
desfaça agora
Como se a
casa voltasse
Em toda a
harmonia do traço
E do laço
branco que ataste
Nos meus
cabelos de menina.
segunda-feira, 14 de outubro de 2019
Fascínio
Não sei se o
fascínio vem do brilho dos solitários
com
coloridas folhas de parreira
se da beleza
translúcida da jarra verde
comprada
para o casamento da avó
se da
travessa esmeralda, enfeitada
com uvas de
rei da vinha da faceira.
Ou será
apenas um poema
que vive na
sala um enredo outonal
filtrado à
hora mágica do sol-pôr
ou a saudade
esgueirada dum olhar amigo
pena esvoaçante de ave
pintada num
elegante vaso antigo?
Teresa Almeida Subtil
terça-feira, 1 de outubro de 2019
Vamos!
O maestro
tem a batuta na mão e traquejo de orquestra.
Não, não
penses que estão no salão,
em qualquer
lugar entram a tempo, gente sem idade.
Quero
participar neste festival, todos são chamados,
é a aldeia
global.
Quero entrar
na hora e acertar o tom.
O maestro
tem garra e sabe agarrar-nos a alma,
cada um dá o
melhor de si, a sua própria voz;
até um cana
rachada sente o apelo e responde à chamada.
O maestro
não sabe de onde vem, não pertence a lugar nenhum,
apanha o
melhor de cada um.
A pauta é de
veredas abandonadas.
A melodia
nasce nos caminhos.
Na
diversidade está a beleza e a energia do trecho musical,
a criação.
No
arrebatamento está a afinação.
Eu já tenho
a bengala,
não importa
de quem é a ideia,
a causa é
comum: vamos!
Bamos! (lhéngua miandesa)
L maestro ten la bara na mano i saber d'ourquestra.
Nó, nun penses que stan ne l salon,
an qualquiera sítio éntran a tiempo, gente sien eidade.
Quiero partecipar neste festibal, todos son chamados,
ye l'aldé global.
Quiero antrar na hora i acertar l tono.
L maestro ten chama i sabe agarrar-mos l'alma,
cada un dá l melhor del própio, la sue própia boç;
até un canha rachada sinte l bózio i responde a la chamada.
L maestro nun sabe dadonde ben, nun pertence a lhugar niun,
apanha l melhor de cada un,
La pauta ye de breias abandonadas.
La melodie nace ne ls caminos.
Na dibersidade stá la beleza i l'einergie de l testo musical,
la criaçon,
ne l arrebatamiento stá l'afinaçon.
You yá tengo la caiata,
nun amporta de quien ye l’eideia,
la causa ye de todos: bamos!
Teresa Almeida Subtil
(In Rio de Infinitos / Riu d'Anfenitos)
Celebrando o Dia Mundial Da Música.
(In Rio de Infinitos / Riu d'Anfenitos)
Celebrando o Dia Mundial Da Música.
quarta-feira, 25 de setembro de 2019
Voz de Outono
Voz que nasce nos olhos, na boca, na expressão…
Anuncia-se em ondas sedutoras e roça, com elegância, os galhos da minha árvore
preferida, salpicada de flores imaculadas. Agita as folhas do livro no meu regaço.
Aconchego o xaile suave, ainda de algodão, sentindo a primeira brisa a eriçar a
pele, e deixo voar os cabelos com os pássaros. Apetece ficar e apagar o som
dissonante que a vida teima em mostrar. A tua voz, agora molhada, enrola as
pétalas mais coradas em coreografias íntimas, até as pousar e aconchegar. Perfeita
a pintura da tarde, não fora a passarada dar umas bicadas de última hora. Nada
é estático e a tela nunca termina, nem o teu sopro no meu ombro, nem o natural
balanço da árvore que a aragem vai despindo... E eu desligo, desligo tudo o que
me atropela e entrego-me à melodia ímpar - pura carícia
outonal. Como se o instante fosse criação absoluta e fizesse de nós folhas aos folhos arremetidas aos vãos de escada onde se mordem frutos maduros. Tua voz é tempo, chama e eco que percorre o alpendre da nova estação, pulsar poético a
que a natureza se rende.
Teresa Almeida Subtil
sábado, 21 de setembro de 2019
Centelha Concupiscente
Na pele dos
dias intromete-se a palavra
E a melodia
que a embriaga.
Emerge pura na orvalheira
Como se feiticeira fora.
Como se feiticeira fora.
É terra, é
povo, é dor e fantasia
Guelra
efervescente.
E ao
primeiro golpe de sol
Contorce-se,
esgueira-se pela escarpa
E resvala em murmúrio
de nascente.
É centelha que
ao poema se entrega
Concupiscente.
Teresa Almeida Subtil
domingo, 15 de setembro de 2019
Dialética / Caminhos de liberdade
Não é muito habitual no Porto um clima tórrido como o de
14 de setembro último. Atravessar a Avenida dos Aliados fez-me lembrar o
deserto lá para os lados de Abu Symbel, onde só experimentei o calor às 8 da
manhã porque, a partir daí, já era impossível e o meu chapéu até era bem
abonado. Subi lá para os lados da Sé e contornei pela esquerda até aos portões
da Casa Museu Guerra Junqueiro, poeta, prosador, jornalista e político
português (1850-1923), “destacado
escritor do Realismo, movimento literário que reproduz a ação social e política
da segunda metade do século XIX”.
Por vezes sinto-me em casa, e este foi um desses
gratificantes momentos, não fosse eu de terras de Freixo de Espada à cinta.
Rui Fonseca e Ana Homem Albergaria apresentavam, então, o
seu livro de poesia, na simpática cafeteria, logo à entrada, do lado esquerdo.
Fiquei atenta e motivada pela temática. Adentrar esta poética é um caminho
aliciante. Criação que tem a sua origem na energia que Ana Albergaria imprimiu
à sua exposição de pintura, por onde perpassam preocupações existenciais. O
cruzamento da filosofia com a arte abriu, assim, portas à dialética da vida.
Folheio o livro e,
em olhar cruzado, surge a profundidade do tema que toca a criação, a
interrogação, a busca da felicidade, a ética, a liberdade … surge a poesia como
arte maior em que o ser humano se emociona, “se ergue e se constrói”.
Depois de desfrutarmos de um deslumbrante pôr – do- sol
no Passeio das Virtudes e de experimentarmos os sabores moçambicanos da casa da
tia Orlanda, encaminhámo-nos para a Feira do Livro onde nos aguardava o mundo
das descobertas.
Enfim…” o Porto é lindo de morrer!”
Teresa Almeida Subtil
Corpo de mulher
“Que olhas tu mulher
Por entre roupagens de esperança
Onde o verde clareia a mudança?
Ainda que visivelmente semicoberta
Em teu olhar arguto,
És suficientemente capaz de veres além
Muito além deste parco aquém
Por onde a dialética do caminho se move.
Que olhas tu?
O futuro em teus braços
A humanidade em
teu seio?
E o mundo inteiro no teu colo?
Ou será algo mais
Para além deste teu inusitado e advertido olhar
Com o qual me encontro todos os dias
E me acena com sorriso
Num apelo longe de ir mais longe?...”
Rui Fonseca pg 50
…
Cumplicidade Poética
Saberei sempre como te tornar cúmplice,
Nesta busca, quase insana,
Pelo que me transcende.
E quando não souber mais
Como te fazer refém dos meus sentimentos,
Então deixarei que afogues
Todas as palavras frias e sem sentido,
No mar das minhas lágrimas.
As outras,
As que se derretem em doçura
Como um beijo em lábios quentes;
As que se expandem em urgência de amor,
Transformando os padrões da nossa consciência;
As que gritam justiça, as que abraçam;
As que cantam a paz; as que dançam:
As que nos elevam a uma renovada existência;
Essas permanecerão dignas do teu nome: Poesia.
terça-feira, 10 de setembro de 2019
Rente à telha
Abre-se a comoção da tarde
A navegar em vela branca e nua
E a ponte é suave abraço de mulher
A lua é beijo a brilhar na amurada
Por onde se espreguiça teu olhar
E o par que tropeça na calçada
Arrebata o rubor da flor
Rente à telha sucumbe o dia
Em arroubos de prazer.
Teresa Almeida Subtil
Museu romântico - Porto
domingo, 25 de agosto de 2019
Seiva de afetos / sangre d'afetos
Seiva de afetos
Trinados
soltos no picão e litanias
Sufragadas às raízes.
Rio, seiva de afetos
Que na alma correm e na folha exultam.
Oliveira a reclamar identidade.
Rebeldia esgalhada a pique.
História lavrada. Estrela da manhã.
Poesia aguçada no paladar
A florir em cada galho. Árvore de vida.
Renovo. Luz acesa.
Grito e liberdade.
E um aroma a flor de laranjeira
Que no verso arde.
Cada passo é asa aprumada ao infinito,
Suspiro que atravessa a casa.
E cada olhar que a patine do tempo enobrece
É folha de um livro
---Sangre d'afetos (lhéngua mirandesa)
Trinados suoltos an la peinha
I ouraçones arrincadas a las raízes.
Riu, sangre d'afetos
Que n’alma cuorren i na fuolha sáltan.
Oulibeira a eisegir eidentidade.
Atremetimiento.
Stória lhabrada. Streilha de la manhana.
Poesie aguçada ne l gusto
A florir an cada galho. Arble de bida.
Renuobo. Lhuç acesa.
Bózio i lhiberdade.
I un aroma a flor de laranjeira
Que ne l bércio arde.
Cada passo ye ala a dreitos al anfenito,
Suspiro q'atrabessa la casa.
I cada mirar que la prata de l tiempo einobrece
Ye fuolha dun lhibro
Que a l'houmanidade pertence.
Teresa Almeida Subtil
terça-feira, 13 de agosto de 2019
Meu navio
Teu corpo é meu navio
Transparência do instante
Em que o leme enxerguei
E todo o génio caldeado além
Num mar que não recordo e sei
Passei a ler-te sem tocar certezas
Luz que para lá do véu se proclama
Sem seres céu serias chama
Sem seres meu passaste a pertencer-me
Quase te toquei e tanto queria
Aquela aurora em fim de dia
Clarão e bruma quente
Ilha que ao longe se faz presente
Navio tatuado em minha mente.
Teresa Almeida Subtil
Ilha de S. Jorge - Açores
domingo, 4 de agosto de 2019
Poesia na cozinha
À volta da mesa as expressões dizem da qualidade da comida.
E entre os convivas perpassam sentimentos de união.
Afinidades de paladar atraem grandes amizades.
Somos soltos e dizemo-nos verdadeiramente.
Conquistamo-nos, é verdade.
À volta do tacho fervilham versos de arrepiar.
E é de cumplicidade que os ingredientes se envolvem
E os temperos acrescentam singular paladar.
Cruza-se a fantasia nas mãos de quem compõe
Um prato de indescritível prazer.
Cozinhar é um dom de quem o sente e partilha.
Até o poeta se ajoelha e declama, o músico dedilha a
melhor melodia.
E o pintor acende tons impressionistas.
A mesa é um lugar sagrado. É um lugar de afetos.
E é tão natural a gargalhada
Como a guitarra bem afinada a contorcer-nos o corpo
e o espírito.
E a satisfação e o rubor sobem ao rosto
De quem da
cozinha faz poesia.
Teresa Almeida Subtil
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Un salto al passado cheno d'eimoçon Poetas fazien camino ne l eizílio, na prison Sgarabatában l chano a saber de l tiempo Sien...
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Ninguém tem o som da tua voz Nem a melodia, nem as réplicas profundas Nem a cachoeira do amor Nem os sobressaltos Nem os silêncios . C...