sábado, 25 de junho de 2022

RONDA LAS DEGAS/ RONDA DAS ADEGAS

 RONDA LAS DEGAS


Pulas rugas pedies música i dança
Puial, cuntentamiento
I you juro culs pies ne l'aire
Q'a rundar naide se cansa
I quien nun beila por fuora
Beila por drento.

Chégan sbaforidos
Quieren la cultura ancestral
I la dega renace
Cumo streilha culgada ne l cielo
Ye un spácio cultural.

Las paredes fálan de l'antigo
De l persente
I ls bersos son naturales
Cumo l'auga i la sede
Ls quemidos i l bino
Rostro a rostro, piedra a piedra
I l cuorpo afeito al aire
Einamoramiento.

Ai, i l pan!
I la jarrica criada anho a anho
Guosto, chamariç, recordaçon.
La fiesta ye lhaço, proua
Agabon.







RONDA DAS ADEGAS

Pelas ruas pedias música e dança
Poial, contentamento
E eu juro com pés no ar
Que a rondar ninguém se cansa
E quem não baila por fora
Baila por dentro.

Chegam tresmalhados
Privilegiam a cultura ancestral
E a adega renasce
Como estrela pendurada no céu
É um espaço cultural.

As paredes falam do antigo
E do contemporâneo
E os versos são naturais
Como a água e a sede
As comidas, o vinho
E o corpo afeito ao vento
Rosto a rosto, pedra a pedra
Enamoramento.

Ai, e o pão!
E a caneca criada ano após ano
A festa é gosto, chamariz, recordação
Hossana!

Teresa Almeida Subtil


sexta-feira, 3 de junho de 2022

A talho de foice!

"Dia da criança."

O soldado atirador sobreviveu à guerra na Guiné e, na recente pandemia, após 80 dias de luta com a Covid 19, voltou à vida. Reativou o restaurante de sucesso que havia passado em situação de doença. "Oh, eu gosto disto e não conseguiram, entretanto, manter a qualidade nem a clientela". Qualidade que, volta e meia, gostamos de comprovar. Procurei conhecer o organigrama (estrutura militar) do pessoal mobilizado para as províncias ultramarinas: batalhões, companhias, pelotões, secções e ainda um espaço de restabelecimento e ajuda à população ( em Varela) a que chamavam "psícola".

Do aquartelamento em Suzana, o nosso soldado regressou elegante. Ele e os outros. Lembram a falta de água, a escassez de alimentos, a necessária negociata com o inimigo para aquisição de bens essenciais, etc.

Os combatentes do mesmo pelotão - depois de sentirem o cheiro a pólvora, terem nadado entre crocodilos, voarem numa avioneta a que caiu uma porta, comerem rações de combate por demasiado tempo, patrulharem o quartel com o som de morteiros por perto - sentem-se família. O capitão procurou regressar com os homens que levou, mas ele mesmo foi abatido numa operação militar. É uma mágoa sem fim. E tudo isto em nome do poder e do território.

A talho de foice, veio a guerra na Ucrânia. Cessar fogo! Leio no meu telemóvel. Será certo? Seria memorável se a paz fosse celebrada em dia da criança. Elas a quem toca a fatia de dor mais pesada.

Viajo pelo Douro com um ex-combatente. Vou lavando as vistas, conversando e escrevendo. É o habitual. E levo, naturalmente, miminhos, de apurado sabor, para as minhas crianças: nêsperas, cerejas, damascos e pêssegos.

Já estamos em Alcanizes. Há outros caminhos, mas atravessar este cibo de Espanha para regressar a casa, faz parte das nossas preferências. Já vejo os púcaros de Moveros, mas hoje só olho. Somos raianos.

Teresa Almeida Subtil

01.06.2022


LIBERDADE