domingo, 29 de março de 2020

Adágio



ADÁGIO ...

Desnudam-se as pétalas
Uma a uma. E derrama-se a cor
Nua. Indefinição ainda
Que alastra

Agora sinfónica. Cor e vida.

E se abre. Esplêndida
A corola.

Murmúrio de sol
A bordejar
O mel

E a erguer-se
Colmeia. E flor …

E poema.


Manuel Veiga

quarta-feira, 25 de março de 2020

Oitavo dia





 Da janela sobressai o castelo
E as escadas que me levam
A percebê-lo.
É velho e, todavia, ergue-se pedra a pedra
E esmorece nas falhas
Feitas de memória e de perda.

A cerejeira brava é, agora, a rainha
E talvez com o calor a pique
Algumas delícias eu ainda debique
Sentindo-me pássaro no voo e na canção
Trincando, mordo a mordo,
A primavera e o verão.

A vida continua num ritmo em que participo
Como se abraçasse a natureza
No bico do amor e do desejo.

E saboreio o café e o almendruco
Que me fala
Das amendoeiras que daqui vejo.

Teresa Almeida Subtil




terça-feira, 24 de março de 2020

A Essência


                                              Declamação de Teresa Almeida Subtil.

domingo, 15 de março de 2020

Mãe, estou aqui!






De repente escancaras nos olhos
Voo de cotovia alvoroçada
Contra o vento desenhas o beijo
Meu poema, fonte cristalina
Hora plena, voo de madrugada.

Há melodias que nos pertencem
E nos cantam a candura dos dias,
Como o teu grito, o primeiro,
O grito que nos rasgou o ninho.

Já não sei se és mão ou caminho, mas
De repente, a estética e a audácia da palavra
Modelou-se ali: 
Mãe, estou aqui!

Teresa Almeida Subtil





quarta-feira, 4 de março de 2020

E à mesa éramos nove.



E à mesa éramos nove
Canto nono de inebriantes sabores
Entroncamento de vontades
E de todas as sedes
Olhos verdes de puros cânticos
E negros-azeitona em baile esquivo
Debulhados em azeite festivo
E a vida esmiuçada a cada garfada
E o néctar da adega
Perfume raro de uva mastigada
Degustado como se palavra fora
Alma Tua, vinha na ladeira da vida
Poesia florida na hora

Sem tempo é a voz de Mirandela
Porta aberta
Uma mão
Na ronda poética

Um mimo, um “CIBO DE NÓS”

Teresa Almeida Subtil




Esta poesia, da minha autoria, nasceu a propósito do último livro de Odete Ferreira, apresentado em Mirandela, no passado dia 29 de Fevereiro. É um título particularmente sugestivo, que me remete à infância. Ninguém esquece "o cibo" de pão" ou pequeno pedaço. Agradou-me desde a primeira hora. Estive presente na bela e participada apresentação, para onde fomos após o almoço. E acrescento que vale a pena ler este livro intemporal. Tive o prazer de dar, na hora, um sentido e merecido abraço de parabéns à amiga poetisa.
O almoço foi em divertida roda de amigos e uma delas lançou o repto: À mesa somos nove, vamos lá ver quem agarra no tema" Eu agarrei. Ela, Ana Bárbara de Santo António, já tinha escrito "À mesa éramos sete", no último encontro de escritores, promovido pela Academia de Letras de Trás-os- Montes. Parece-me que os almoços e respetivos registos estão a ganhar força. Da minha parte não quebro a corrente. E que venham motivos literários para o aprazível encontro. 








LIBERDADE