Deixa-me apalpar a magia da cidade
as cores maviosas em que a respiras
azuis, vermelhos e amarelos acesos
deixa-me apalpar o namoro do teu olhar
os teus passos amorosos, descalços
e os abraços nas pedras da calçada
a história calcorreada
em cada anoitecer as cores adormecem amadas
há melodias íntimas que cada um conhece
uma prece que se canta e saboreia em cada esquina
há sobreposição de sentidos melódicos
nas pinceladas que esbracejam de afeto
deixa-me apalpar a cidade em cada recanto ou beco
em ti descubro-a tal qual a conheci
deixa-me adivinhar as estrelas que romperam as janelas
deixa-me inebriar na pintura que não quero entender
nem sequer comentar, quero apenas sentir e desejar
o teu poema pictoricamente épico
deixa-me penetrar a eloquência do teu versejar
são torres, são rios, são pontes, são navios
este é o país que aqui se canta e diz
é o Porto poético!
Teresa Almeida
(Pintura de Santiago Belacqua)