É
fácil saltares a janela e rumares à galhardia de finais dos anos sessenta. Leva
os discos que trazias quando um dia bateste à minha porta. Esquece a cena em
que atirei a foto que, no comboio, te dei. Quando nos olhámos pela vez
primeira. Esquece. Eu não consigo. Quando prometias tesouros e melodias que
amei. E amo. Era eu menina de colégio e de medo. Esquece. Eu não consigo.
Voltaste da guerra e, de novo, bateste. A porta era outra e eu já longe daquele
abraço furtivo. Já não encontro a tua veia poética. Que à época, era só minha. Diz-me da poesia e
das das noites em que os Beatles nos esfarrapavam a roupa. Tão pouca!
Muda
o ano e a vida arde na fogueira. E um Porto Fino borbulha entre a ousadia e a imaginação.