Ninguém tem o som da tua voz
Nem a melodia, nem as réplicas profundas
Nem a cachoeira do amor
Nem os sobressaltos
Nem os silêncios .
Confundo-me e julgo que sou eu
a construir o corpo imenso do poema
Num regato a florir.
E
percorro-lhe a pele, as vértebras, os membros
Toco-lhe os dedos e os lábios flutuantes
Percorro-o inteiro e nu e convenço-me
Que escrevi o núcleo, o cheiro
E quase tudo.
E só na hora crepuscular
No fogo do azul profundo
Surge a seta de Cupido
E a tua
assinatura.
Teresa Almeida Subtil