terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

A Seta de Cupido

 



Ninguém tem o som da tua voz

Nem a melodia, nem as réplicas profundas

Nem a cachoeira do amor

Nem os sobressaltos

Nem os silêncios .


Confundo-me e julgo que sou eu

a construir o corpo imenso do poema 

Num regato a florir.


E percorro-lhe a pele, as vértebras, os membros

Toco-lhe os dedos e os lábios flutuantes

Percorro-o inteiro e nu e convenço-me

Que escrevi o núcleo, o cheiro

E quase tudo.


 

E só na hora crepuscular

No fogo do azul profundo

 Surge a seta de Cupido

E a tua assinatura.


Teresa Almeida Subtil