esta fala i este sentir fondo,
estas faias i esta abes
q’ábren alas al tiempo airaçado.
Stan bibas estas yerbas
que na secura de l suolo
spárban poemas al aire
i bísten la fraga znuda i dura
de quelor, alegrie
i beisos demorados de berano.
Stan bibas las palabras
que se sgódan als lhábios,
cun gusto a moras maduras
las mais negritas i chenas.
Stan bibas las augas de l miu riu,
seia atamadas, seia arressaiadas de febre
i brabura, cun ganas de resbalar
de las alturas, cun la fuorça
a chiçpar la nuite scura.
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Águas vivas
Estão vivas as águas do meu rio,
esta fala e este sentir intenso,
estas escarpas e estas aves
e estas farpas que abrem
asas ao tempo.
Estão vivas estas ervas
que na secura do chão
atiram poemas ao ar
e vestem a fraga nua e dura
de cor, alegria e beijos
de longo e intenso verão..
Estão vivas as palavras
que se roçam aos lábios,
com gosto a amoras maduras,
as mais negras e plenas.
Estão vivas as águas do meu rio,
ora serenas, ora cheias de febre
e bravura, com ganas
de resvalar das alturas,
com ganas de estrelar
a noite escura..
Teresa Almeida Subtil
(in Rio de Infinitos/Riu d'Anfenitos)