terça-feira, 28 de setembro de 2021

Augas Bibas /Águas Vivas

 



Stan bibas las augas de l miu riu,
esta fala i este sentir fondo,
estas faias i esta abes
q’ábren alas al tiempo airaçado. Stan bibas estas yerbas
que na secura de l suolo
spárban poemas al aire
i bísten la fraga znuda i dura
de quelor, alegrie
i beisos demorados de berano.
Stan bibas las palabras que se sgódan als lhábios,
cun gusto a moras maduras
las mais negritas i chenas.
Stan bibas las augas de l miu riu,
seia atamadas, seia arressaiadas de febre
i brabura, cun ganas de resbalar
de las alturas, cun la fuorça
a chiçpar la nuite scura.

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Águas vivas


Estão vivas as águas do meu rio,

esta fala e este sentir intenso,

estas escarpas e estas aves

e estas farpas que abrem

asas ao tempo.

Estão vivas estas ervas

que na secura do chão

atiram poemas ao ar

e vestem a fraga nua e dura

de cor, alegria e beijos

de longo e intenso verão..

 

Estão vivas as palavras

que se roçam aos lábios,

com gosto a amoras maduras,

as mais negras e plenas.

Estão vivas as águas do meu rio,

ora serenas, ora cheias de febre

e bravura, com ganas

de resvalar das alturas,

com ganas de estrelar

a noite escura..

Teresa Almeida Subtil
(in Rio de Infinitos/Riu d'Anfenitos)

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Cativa-me

Cativa-me o berço da tarde

E em cada árvore
Borboletas que pinto.
Cativa-me desde sempre
A clareira a anunciar
Um palácio de cristal
E um mundo transparente.
Cativam-me
Oceanos de vida
Bondade e conhecimento.
E principalmente
Crianças a brincar
E olhos felizes.
Tantos! E ainda mais.
Como se a vida mudasse
Num clique de graça
E o terror acabasse
Na brisa que passa.
Cativa-me a inspiração
E prossigo
Na claridade
Que poderá despontar
Em qualquer folha
De um livro.
Teresa Almeida Subtil
02.09.21
Feira do livro-Porto







LIBERDADE