sábado, 30 de julho de 2011
Abraço impulsivo
nasceu à flor do dia
como o café que apetece ser tomado
em companhia
O gesto indisfarçado
retrocedeu
Um esboço de iniciado
um jeito ténue, balançado
em lances de fantasia
Teresa Almeida 29-07-2011
quinta-feira, 28 de julho de 2011
Por amor, voltei
Houve um sonho em que
duma dura realidade me evadi
O sentido da minha vida
convosco, à beira-mar passeava
No infinito
acarinhava os vossos passos
e, naquele limbo
uma paz imensa consegui
porque eu vos amava
Meu Deus, como lutei
por essa paz que em sonhos almejei
Mas o apego era tanto
que de amor acordei
Essa experiência não poderei esquecer
é chegada a hora de a escrever
porque do sonho escapei
e porque vós quisestes
a casa voltei
Teresa Almeida 25-07-2011
Perfume de figueira
Um perfume aceso de figueira
rasga-me novos caminhos
entre noras e moinhos
mesmo esquecidos, moem saudades
e cantam madrigais
a searas loiras e maduras
Esgueiram-se palavras entre canaviais
que se agrupam e rimam
com a força da procura
Puxo a lapiseira rasca e escrevo
numa rifa qualquer
à sombra da figueira selvagem
com figos vermelhos a crescer
Trinados e música de cachoeira
é tudo quanto preciso
para te sentir à minha beira
Teresa Almeida 28/07/2011
sexta-feira, 15 de julho de 2011
Clarividência
Fascinada, paro e olho devagar
momento de meditação
como monge que se retira
por opção
Há um apelo na natureza
permanente
sei que a ela pertenço
eternamente
Filosofia estéril, inconsciente
Pela ponte seduzida
em nobre arte e aço lavrada
em zona deprimida, grita
elegância, porte e altivez
em íngremes ladeiras implantada
de alicerces fragilizada
Apetece saborear
com audácia e asas de abutre
uma viragem no rumo
um salto no abismo
e, de novo, ressurgir
em alturas me arvorar
e, em clarividência
uma filosofia de vida alinhar
Teresa Almeida 29.01.2011
quarta-feira, 13 de julho de 2011
A luz do teu poema
Dá vontade de existir no teu poema
viver nele a minha história
é tão intensa e bela
que só a fantasia cabe nela
Entrar no teu poema
é tão fácil afinal
deixaste a porta aberta
a quem se queira deleitar
fazer da alma coração
e viver a plenitude diáfana
da mais intensa ilusão
Viajo devagar , a gosto
no teu extenso poema
e na estação de saída
fico tão surpreendida
que saio murcha, com pena
A felicidade que se apanha
em breves momentos reais
no olhar deixa o riso
e na luz do teu poema
são momentos imortais
Teresa Almeida 11.07.11
terça-feira, 12 de julho de 2011
XXVI Encontro Nacional ANADLES - Miranda do Douro
Coube-me o prazer de organizar o XXVI Encontro ANADLES em Miranda do Douro.
Agradeço ao meu amigo e colega Fernando Louro o registo de belos momentos que gostaremos de recordar.
Teresa Almeida
Desilusão
A casa desce para o rio
e ela levou a vida nessa alegre descida
Era a horta e o pomar
a vida cheia, os filhos a crescer
e ela, pela felicidade,a lutar
Quando alindava a casa
com entusiasmo corria
beijava as flores que escolhia
as mais finas
que se conjugavam com a harmonia
e o ondear das cortinas
Às vezes o amor gosta de se mostrar
O que se passaria nessa quente noite de verão
enqanto ele nos braços de Morfeu
ela desceu ao rio em desilusão
de cabeça, entre remiacos, mergulhou
Eram tão densos os mistérios da vida
que dessa última descida
ela não voltou
Teresa Almeida, 12.07.12
domingo, 10 de julho de 2011
Devaneio
Gosto de um portão de mar
que me leve a casa
É num barco imaginário
que navega ao sabor da corrente
que tenho a minha morada
No mar o amor é diferente
Não faz frio neste leito
é no teu corpo que aqueço
quando me deito
Quero ficar noite alta acordada
há uma orquesta de cantores
que tocam e cantam de madrugada
E é em perfumes de alvorecer
que me sinto mulher
Quem fez este portão
é porque morre de amores
estou louca de paixão
Irei ficar de atalaia
pode aparecer o dono
e eu quero roubar-lhe o coração
se ele entrar no meu devaneio
talvez me ofereça o portão
Teresa Almeida, 06.07.2011
sábado, 9 de julho de 2011
O tempo e o amor
O tempo andava devagar no quintal da minha avó
que, em vinhedos labirínticos, se estendia
Tardávamos a chegar aos caramanchões de heras
autênticos palácios encantados
onde, em brincadeiras, me perdia
O campanário da igreja ficava ao longe
algures no espaço
As saias da minha avó eram antigas
muito maiores que eu
escuras como breu
Quando, mais tarde, voltei ao quintal da minha avó
reparei com espanto
que os dias tinham encolhido
à medida que eu tinha crescido
O campanário da igreja marcava o tempo
e eu sentia-o correr
As amigas tinham voado nos meus sonhos
Demarcava, agora, o espaço com o olhar
um olhar húmido, embaciado
que se virou para dentro
O teu amor avó
era desmedido
como o tempo
Teresa Almeida 03.07.11
Subscrever:
Mensagens (Atom)
-
Un salto al passado cheno d'eimoçon Poetas fazien camino ne l eizílio, na prison Sgarabatában l chano a saber de l tiempo Sien...
-
Ninguém tem o som da tua voz Nem a melodia, nem as réplicas profundas Nem a cachoeira do amor Nem os sobressaltos Nem os silêncios . C...