entrei na adega e já adivinhava
um tesouro nela agrilhoado
a sete chaves
...
as chaves de um chamamento amigo
a manobra na fechadura
ouvia-se no cimo do povo, certamente
gostei de franquear o portal de traça antiga
com tábuas cosidas a pregos por mãos de artista
entrei no empedrado miúdo do corredor enviesado
que parecia ter crescido com os dias
lenta e amorosamente
arrolhados estavam néctares apetecidos
ancestrais saberes escondidos
em garrafas e canecas demorava o olhar
concupiscente
mas logo seguia com avidez
o teu andar de contentamento e o sabor da vida
pairava no primor de cada detalhe
no suporte de cada garrafa especial
esculpido em madeira de árvore antiga
seguia entre teias de afeto
tecidas caprichosamente
enleava-me nos fios e não me importava
desfrutava do enredo, da ocasião
sentámo-nos no chão, junto ao pipo
e o ar de verão entrava pela janela de pedra
sem vidraça nem portada
a manobra na fechadura
ouvia-se no cimo do povo, certamente
gostei de franquear o portal de traça antiga
com tábuas cosidas a pregos por mãos de artista
entrei no empedrado miúdo do corredor enviesado
que parecia ter crescido com os dias
lenta e amorosamente
arrolhados estavam néctares apetecidos
ancestrais saberes escondidos
em garrafas e canecas demorava o olhar
concupiscente
mas logo seguia com avidez
o teu andar de contentamento e o sabor da vida
pairava no primor de cada detalhe
no suporte de cada garrafa especial
esculpido em madeira de árvore antiga
seguia entre teias de afeto
tecidas caprichosamente
enleava-me nos fios e não me importava
desfrutava do enredo, da ocasião
sentámo-nos no chão, junto ao pipo
e o ar de verão entrava pela janela de pedra
sem vidraça nem portada
abriste a torneira, segurei o copo
o vinho e a conversa sabiam bem
e na naturalidade daquela tarde
como a folha de hedra enleada
desfrutava dos prazeres da adega
algo invulgar noutros tempos
não sei como, mas trouxe a garrafa de jeropiga
guardada a sete chaves no pensamento