terça-feira, 14 de janeiro de 2014

País decerto


Senti-te seda na minha pele, especiaria
poema pujante que de dor se arrastava
e de impossíveis se alimentava.
Trazias a cegueira e a visão na pena de Camões
a lágrima de Amália
o violento e derradeiro amor de Pedro e Inês,
ou deste a vez à poesia que te tocava de forma exacerbada?
 
Disseste a alegria do olhar e vestiste o verbo de melancolia
trouxeste a alma portuguesa naquela madrugada
do fado, a tristeza a corroer-te.
Deixa-me dizer-te que vieste comigo na brisa marítima
que meus cabelos acariciava
e na onda invulgar que meu peito sossegava.
 
Hoje
deposito na profundidade deste mar
a vontade de um poema feito ternura e grandeza
marcado de sensibilidade
deposito e grito, esconjuro e sonho um país decerto
que desperto, não morre de saudade.
 
Teresa Almeida






segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Pantera Negra



predestinado, vieste lá de longe
na atitude atlética, doce e feroz
de nós fizeste admiradores e poetas
contigo pelo mundo aos pontapés
 
colados ao teu efeito magnético
o ópio do povo voando nos teus pés
e num lance de pantera, sempre novo
maior do que um grande clube tu és
 
do Porto minha alma contida e clubística
rende-te sentida e serena homenagem
és alto, és maior, és poema, és paixão
 
foste loucura, simplicidade, alienação
foste a voz que no mundo explodiu
e ficarás lenda viva - saudade em nós
 
Teresa Almeida

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

O perfume do verso


Ser poeta não é só escrever versos

é saber criar um clima de liberdade

é cevar em ti o desejo de renascer

e no deserto das ideias maltratadas

 dar-te a chave do céu e do prazer


ser poeta é saber beijar as palavras

e despir-te dentro delas sem alarde

saber que  o poema não voa nem arde

se a lira não afinar ao teu toque

e um único perfume o verso não tiver

Teresa Almeida