Trazes no corpo o espírito de um amor maduro
nos lábios o sabor de frutos silvestres.
É excitante o aroma que de ti me vem.
Trazes o esplendor de manhãs geadas
e o fogo de tardes de Agosto.
Cheiras bem.
Emerges em trovoadas de melodia
és sonho vermelho esmagado
palavra mordida ao acaso
espirito apurado nas encostas da vinha.
És a carícia de meia ladeira
que sobe alto, perturba e incendeia.
És o néctar puro da terra
o sol infiltrado no poema
bago cheio, duro e comprido
és o festival dos sentidos
vinho erotizado na parreira
a derramar-se em lábios intumescidos
Trazes as nuances subtis de cada folha
pintada em cada dia - com mestria
O pincel é férreo e a tinta de suor
num outono barroco, corado.
És um namoro de vertigem
beijo divino, apurado na cor.
Teresa Almeida