segunda-feira, 1 de setembro de 2025

BERANO POÉTICO /Festival Arcu Atlánticu


 Festival Arcu Atlánticu está em Xixón. Asturies.

Le llingües atlántiques tamién tienen el so sitiu nel Arcu. Nesta ocasión los X Alcuentros Poéticos Letribetia xiraron en redol al mirandés, llingua cooficial dende 1998. Pa ello cuntóse cola presencia de la poeta María Teresa Almeida.


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X ALCONTROS POÉTICOS LETRIBÉRIA Os alquentros poéticos
LETRIBERIA dedicam caúna das suas edições a uma lingua ibérica. Três o português, o galegu, l’asturianu, l’aragonês, o castuu, o catalão, o pa ḷḷuezu, l’euskera e o galego-asturianu, l’e o turnu ao mirandês, da portuguesa Miranda do Douro, e cooficial dende 1998.
Vamos contar cola poeta Maria Teresa Almeida, o linguista Antonio Bárbolo e o poeta Diego Solis.
📆 Quinta-feira 31 xunetu
📍Antiguu Institutu
⏱18.30 h.
















BERANO POÉTICO

Atribuição da Medalha de Mérito à nossa associada Maria Teresa de Jesus Almeida Vaz Rodrigues (Teresa Subtil Almeida), distinção concedida pelo Município de Miranda do Douro no passado dia 10 de julho de 2025, data em que se assinalaram os 480 anos da elevação de Miranda do Douro a cidade.






 

domingo, 9 de março de 2025

A Maria Teresa Horta ( Dia da mulher)

 

Frio e chuva miúda

Acenos de poesia lavada

Leve e subversiva

Sentimento de alma livre

E magoada.

 

Brinde à natureza

A abrolhar nas margens do rio

Cálice de lábios vermelhos

 

É março a explodir à boca das papoilas

Espelho de rebentos intumescidos

Febre de quem partiu ficando

No prazer e no fogo

Dos sentidos

 

E todas as sedes confluem

Num tempo e num corpo

De mulher


Teresa Almeida Subtil






domingo, 22 de dezembro de 2024

Assopro Debino/ Sopro divino/ Respiro divino


HAVIA UM VÉU MATINAL
TECIDO DE TERNURA
ALVURA
E FERMOSURA
DE NATAL


Desejo aos meus amigos e ao mundo
uma quadra natalícia plena de harmonia.



MIRANDÉS

Assopro debino

 

De l'anunciaçon al calbário

Hai un rosairo i un deseio

De salbaçon.

Ye la boç de l ouniberso

A ressonar ne l fondo de l ser

I l bientre de la tierra ye sue morada

I busca la streilha que la fazerá mulhier.

 

I de si rumperá l'ourora

Siempre bendita i chena de grácia

Sparba-se i anuncia-se redentora.

 

I anquanto nun renacer un mundo

Purificado

Haberá siempre un suonho curceficado

Un bózio i ua tela

De quien ye topado

Pul assopro debino de l'arte.

 

Ye d'houmanidade i lhibertaçon

L passo, l traço, l fincon

De quien conhece las piedras de l chano.


Teresa Almeida Subtil

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PORTUGUÊS

Sopro divino

 

Da anunciação ao Calvário

Há um rosário e um desejo

De salvação.

É a voz do universo

A ecoar no âmago do ser

E o ventre da terra é sua morada

E busca o astro que a fará mulher.

 

E de si romperá a aurora

Sempre bendita e cheia de graça

Expande-se e anuncia-se redentora.

 

E enquanto não renascer um mundo

Purificado

Haverá sempre um sonho crucificado

Um brado e uma tela

De quem é tocado

Pelo sopro divino da arte.

 

É de humanidade e libertação

O passo, o traço, o baluarte

De quem conhece as pedras do chão.



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ITALIANO   (Tradução de José Miranda)


Respiro divino
Dall'Annunciazione al Calvario C'è un rosario e un desiderio Di salvezza. E' la voce dell'universo Echeggiando nel nucleo dell'essere E il grembo della terra è la tua casa E cerca la stella che la renderà donna.
E l'alba spunterà da te Sempre benedetto e pieno di grazia Si espande e si annuncia redentrice.
E finché un mondo non rinasce Purificato Ci sarà sempre un sogno crocifisso Un grido e uno schermo Chi è toccato Per il soffio divino dell'arte.
È di umanità e di liberazione Il passo, la traccia, il baluardo Da qualcuno che conosce le pietre sul terreno.


Teresa Almeida Subtil 










quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

A NOSSA ANTOLOGIA

 Chegou "A Nossa Antologia" - coletânea de poesia da Associação Portuguesa de Poetas 2024.

Publico a minha participação.




Vem! (tradução)


  •  O poema nasce

  • Semente de meus dedos

  • Capricho táctil 

  • Cenário voluptuoso

  • Menina de meus olhos

  • A remexer o sentir das horas


  • A hortênsia encostada a junho

  • Permanece dentro do verão

  • A cerejeira dá-se à sede de meus lábios

  • Dádiva divina devorada

  • Desvairada confissão


  •  Cabelos livres, entregam-se ao vento

  • Sons milenares perpassam-me a pele

  • E é de sangue o pulsar das palavras

  • Que te dou nesta loucura

  • De fim de tarde
  • Enche meu regaço de tempo

  • Com sabor a ginjas onde julho se perde

  • E o saber maduro que procuro
  • Vem!
  • Teresa Almeida Subtil

LÍNGUA MIRANDESA
Quem sente o apelo da poesia, não pode deixar de se apaixonar pela sonoridade da língua mirandesa e entrar pela riqueza cultural da terra de Miranda, designação histórica que integra os concelhos de Miranda do Douro, Vimioso e Mogadouro. O Nordeste de Portugal tem o enorme privilégio de ter uma fala que vem de um tempo anterior à fundação da nacionalidade. É, na sua estrutura, uma língua românica, com origem no latim. Pertence à família das línguas asturo-leonesas e sobreviveu, durante séculos, com base na oralidade. Foi Leite de Vasconcelos que a descobriu e deixou na Filologia Mirandesa os seus gigantescos passos. É deste autor o primeiro livro, publicado em mirandês, “un manhuço” de poemas escritos em 1884. Duas Igrejas foi a terra onde colheu o húmus para um trabalho sociolinguístico. Terra que serviu de palco a António Maria Mourinho para dar novas de imperdíveis valores ancestrais.
Com a Lei 7/99, o mirandês ou língua mirandesa foi finalmente oficializada, e a publicação da Convenção Ortográfica da Língua mirandesa, no mesmo ano, foi um avanço de largo alcance para quem se propõe entrar na aliciante aventura de escrever e falar em mirandês. A Associação da Língua mirandesa tem dado, também, um forte impulso.
Através da diáspora esta língua atravessa o mundo e continua a expandir-se com obras individuais e coletivas. A música e a canção têm, naturalmente, força de embaixadores.
É a árvore de que falava Amadeu Ferreira: “La lhéngua bota raíç, tuoro, galhos, fuolhas, froles i dá fruitos.”
O país é um organismo vivo e deve ser gerido como um todo. Assim, o compromisso com uma democracia linguística, assente no respeito pela diferença e na dignidade dos falantes é caminho apontado por Alfredo Cameirão. O Agrupamento de Escolas de Miranda assegura aulas de mirandês a 400 alunos e, apesar da falta de recursos, é o maior contributo para a continuidade deste valor imaterial.
Em nome da defesa dum património milenar, de que a língua mirandesa é o rosto, torna-se necessário e urgente tomar medidas para a sua salvação e revitalização, Algo que se tornará inviável sem um enquadramento institucional adequado, como defendem os linguistas.
As tradições e a cultura mirandesa enriquecem o país e o mundo e são expressões genuínas da portugalidade, entendida como “essência do que significa ser português”.
A morte de uma língua que faz parte do território português, é uma grave ferida na identidade nacional.
Teresa Almeida Subtil

 


terça-feira, 19 de novembro de 2024


 

ZAMORA POÉTICA

 

 A salto rasguei fronteiras

Contrabandista de sonhos

Lenços de seda a desfolhar

Ousadia aconchegada ao peito.

 

 Na cabeça uma boina espanhola

E ao alto amizade e luz

Ecos de liberdade.

 

Seduzida pela aventura da palavra

Natividade, água pura a pulsar

Pássaro inquieto de fraga em fraga

Entre borracheira e claridade

Abrem-se horizontes improváveis

 

Namora-se a ponte dos poetas

Amoráveis azenhas, férrea vontade

Lançam-se versos frementes ao rio

Melodias deslizam no leito 

Fúria, mágoa, grito, louvor, alegria.

 

Folhas tombam, a voz da lira geme

E a intimidade do outono estremece  

Em Festivais de Poesia.


Teresa Almeida Subtil

15.11.24 ENCONTRO DE ESCRITORES HISPANO-LUSOS - ZAMORA











terça-feira, 5 de novembro de 2024

Beiços d'outonho

 


Traio-te ua arble chena de bersos

Búzios de la suorte, redondos

De pura seda

Amerosada als aires

Dourada a las centeilhas i relámpados

A las ourbalheiras de l'anspiraçon

A las tardes soalheiras

Al rigueiro i a la piedra a relhuzir

A l'eimoçon

Al stendal i a las rendas a beilar

A la sina, a la rima, al corte

Al poema çfeito

Als beiços d'outonho

Zbirados a norte.





Lábios de outono

 

Trago-te uma árvore cheia de versos

Búzios da sorte, redondos

De seda genuína

Amaciada aos ventos

Dourada aos raios e relâmpagos

Aos orvalhos da inspiração

Às tardes soalheiras

Ao ribeiro e à pedra a brilhar

À emoção

Ao estendal e às rendas a bailar

À sina, à rima, ao corte

Ao poema desfeito

Aos lábios do outono

Voltados pra norte.


Teresa Almeida Subtil