terça-feira, 14 de janeiro de 2014

País decerto


Senti-te seda na minha pele, especiaria
poema pujante que de dor se arrastava
e de impossíveis se alimentava.
Trazias a cegueira e a visão na pena de Camões
a lágrima de Amália
o violento e derradeiro amor de Pedro e Inês,
ou deste a vez à poesia que te tocava de forma exacerbada?
 
Disseste a alegria do olhar e vestiste o verbo de melancolia
trouxeste a alma portuguesa naquela madrugada
do fado, a tristeza a corroer-te.
Deixa-me dizer-te que vieste comigo na brisa marítima
que meus cabelos acariciava
e na onda invulgar que meu peito sossegava.
 
Hoje
deposito na profundidade deste mar
a vontade de um poema feito ternura e grandeza
marcado de sensibilidade
deposito e grito, esconjuro e sonho um país decerto
que desperto, não morre de saudade.
 
Teresa Almeida






8 comentários:

  1. Neste teu belo poema, minha amiga Teresa, eu sinto essa grandeza sobranceira impregnada de lirismo e de nobreza que se vê nos poemas dos grandes vates. Magnífico poema!

    Esse indagar, prenhe de simbolismos e de imagens de mar, é também imbuído de sentimento, da placidez de um sentimento maduro, e que se filtra através da alma mais poética, a alma mais sensível.

    Como muitos de teus textos, leio e releio esse "País decerto" pelo simples deleite de nele saborear o perfeito amálgama entre ternura e grandeza sob forma poética. É invulgar esta fusão.

    Um texto de antologia a mais, querida amiga, e um mar do qual mais que um país morreria de saudades. Magnífico!

    Meu abraço com carinho, Teresa, e continua inspirada!

    André

    ResponderEliminar
  2. Belíssimo!!

    Um amor que escorre e eterniza as belezas da Pátria,

    depositada na emoção de sentir.

    Este teu sentir poetisa,sempre nos emociona!

    Beijinhos,amiga querida.

    ResponderEliminar
  3. Teresa, um poema de amor que fortalece, dá existência e resistência à pátria! Todo ele é uma ode amorosa à identidade, aos símbolos e totens desta nossa amada terra lusófona.

    Um registro que nos permite revisitar o passado e refletir sobre este doloroso presente, que a tua pena de poeta nos toca, e nos convoca a pensar e pesar o porvir... Muito lindo, querida!

    Um beijo!

    ;))

    ResponderEliminar
  4. O amor à pátria também se grita. O poema é uma boa maneira de o fazer.
    Gostei muito.

    abraço
    cvb

    ResponderEliminar
  5. Dentro da Alma Lusitana, um País, decerto!
    Afirmação de valor patriótico enquanto a Pátria se desgasta apressadamente.
    Este Amor, já não se cultiva... infelizmente.
    Gostei do teu Hino.


    Beijos


    SOL

    ResponderEliminar
  6. Em lirismo, dolência e questionamento correu no poema um sentir de desassossego, de inquietude. A portugalidade que sentias e que parece andar embrumada. Oxalá desperte, como desejas (e como tantos de nós desejamos).

    Além da mensagem, relevo o desenvolvimento estrutural. Gostei imenso do poema, embora me deixe pesarosa..

    Bjuzz, querida amiga Teresa :)

    ResponderEliminar
  7. Se eu soubesse comentar poesia, as palavras da Odete seriam as minhas...
    O poema é mesmo excelente, minha querida amiga.
    Teresa, tem uma boa semana.
    Beijo.

    ResponderEliminar
  8. Querida Teresa!
    Um belíssimo poema que me deixou deveras emocionada.
    O carinho e o amor , pelas nossas raízes, pelas nossas tradições, pelos nossos feitos que fizeram história...

    Assim permaneça a memória no coração dos homens....

    Beijinho meu...:)

    ResponderEliminar