sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Nem raça nem credo.


A primeira vez que de ti me abeirei

todas as sedes me tomaram. Sem raça nem credo.

Cruzei-te num primeiro abraço, mar sonhado, desejado e

finalmente sentido. Quando a coragem permitiu

 o primeiro mergulho, até a areia me bordou o corpo,

ponto por ponto. As cores brincavam e eram tantas

que despertavam e refletiam a luz que queria minha.

 

Nos meus olhos de céu e mar cruzavam-se correntes loucas,

e eu já sem roupa fiquei à tona e deixei-me prender

nas mais belas cores. Fiz-me laço, palmarés de glorioso arco iris.

Sei, sei que te dei versos sem palavras e, num silêncio prometedor,

até as czardas se ouviram. As czardas que bailaria com paixão.

As czardas que, para ti, escreveria com emoção.

 

Nos meus versos o mar endureceu, as lágrimas fizeram nuvens

e  foram quentes as cores que me vestiram.

Confesso: fui apanhada e fiquei onda a pulsar em mar alto.

No meu horizonte as palavras também se despiram de chavetas

e ficaram tão abertas até se fazerem espírito,

fado falado, morna resgatada, sal de miscigenação.


Teresa Almeida Subtil
 

 

11 comentários:

  1. Um perfume embriagador, para lá do verso...
    Na beleza do poema, sentimentos à flor da pele, Teresa.

    Um beijinho :)

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  2. O mar é possessivo...
    Gostei do teu poema, foste brilhante.
    Também gostei do virtuosismo do violinista de serviço.
    Tem um bom fim de semana, querida amiga Teresa.
    Beijo.

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  3. Olá Teresa!
    Nada mais belo do que oferecer versos sem palavras; a poesia realmente acontece, e "apenas" a passaste para o papel. E é essa a transição que não é para todos.
    Quando até czardas se ouvem, todo o sal do olhar se pode transformar em nuvem que flutua sobre o mar, e nesse caso, até as palavras se despem de chavetas, abertas na representação do espírito.
    Um poema simplesmente primoroso! Adorei, Teresa.
    Que bela miscigenação!
    xx

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  4. Quem pode ficar indiferente a tanta poesia de vida?
    Num mar assim, conquista de ondas de Amor, até a música se torna divina e o seu bailado, num movimento solene.
    Parabéns, Teresa.



    Beijo


    SOL

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  5. No último verso: "fado falado, morna resgatada, sal de miscigenação", o encontro de culturas e de emoções.

    Abraço

    Olinda

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  6. Gostei de reler o teu magnífico poema.
    Porque da boa poesia gosta-se sempre...
    Tem uma boa semana, querida amiga Teresa.
    Beijo.

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  7. Venho muito atrasada, mas houve outros voos, como sabes.
    Este não é o mar; antes um mar que os sentidos desenharam e verteram em versos coloridos, musicais e universais.
    Muito bom mesmo, querida Teresa.
    Bjuzz :)

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