Ls lhumes parecien nacer an bários sítos de l çcampado. Cumo se spertássen la fiesta. Las pessonas astrebien-se a saltar las labaredas i andában an correlinas a la buolta. Páixaros de lhibardade. I la chama chubie . La chama, las pessonas, las risadas i las castanhas tamien arrenbentában ne l aire. Las manos yá stan aquestumadas a sacá-las de la brasa. I por ende la lhéngua mirandesa amerosaba la palabra q’andaba de boca an boca. I quien nun sabie querie daprender. Cuido que l cielo i l riu s’ajuntórun pula quelor poética que tenien. I se ne ls lhumes ganhaba la mocidade yá ne l baile éran ls que tenien mais eidade que se çforrában, i bien, dua bida de trabalho. Beilában las modas de la tierra: l pingacho, las lhigas berdes, senhor Galandum, giriboilas…I ne l repasseado, la dança percipal, trocában de par i beilaba to l mundo. Era la ruoda de las gientes de la raia. Ua ruoda que tiraba las maleitas i ls delores, que ls uossos ban gastos. La comida i la buída rolában a ringalheira. Las mardomas ponien cun proua la puosta, las chouriças, la barbada de cochino i las sardinhas que de l mar s’achégan al praino. I quaijeque que nun las deixában assar. Yá sabemos que l cheiro aguça l apetite. I cun l pan de Paradela que bien sabien! I ls sodos, las roscas, las bolhas doces i de chicha, i l queiso de las cabras, tan fresquito, acabado de fazer. Neste magosto ye todo a baler.
A camino de l assomadeiro de Paradela hai un castanheiro centenairo que ganhou, an 1999, l purmeiro prémio ne l cuncurso "An busca de la maior arble de l parque Natural de l Douro Anternacional". Ten 16,90 metros de altura, 4,90 metros de perímetro i un diámetro médio de la copa de 23,90 metros. Ye ua proua para Paradela, cumo se l’arble de la castanha tubisse algo sagrado. Ye l lhugar adonde purmeiro nace l sol an Pertual. Talbeç por isso hai un reloijo crabiado na peinha. Deilhi se bei la barraige de l Castro, de nuossos bezinos spanholes. Soubimos pul’antarneta, que l purmeiro decumiento desta aldé ye de 1145 que diç que Paradela pertencie al Arcebispo de Braga, que tenie ende ua albergarie. Ye tamien eilhi que l riu Douro entra an tierra pátria i brilha i quelobreia cun ganas de bailar culas arribas, para dar-le l sangre de la bida. Bie-se que ls burricos que benien de l passeio terminado para esse die, stában agora mais assossegados. I habie turistas que chegórun neilhes chubidos. Benírun d’apeto! I jurórun nun tornar a faltar al magosto de l’aldé. Até se fazírun amizades pul Facebook. Quejírun partilhar ls questumes de l pobo, por apego a ua cultura que nun quieren deixar apagar. Cumo se por ende tubíssen nacido.
Era la fiesta de la castanha,
Cumo naide tenie bisto
L magosto de l pobo.
Fraitas, tambores i gaitas de fuolhe bibrában
Ne l cuorpo i ne coraçon.
Era la música mirandesa,
La música de siempre que pul mundo
S’agarra
a quien la sinte.
Teresa Almeida Subtil
Um texto delicioso, onde os usos e costumes do povo são uma festa. Um magusto com dança que, no final, até dá para admirar o famoso castanheiro da região.
ResponderEliminarA língua mirandesa tem que ser mantida e preservada, já que é um património que não pode desaparecer. Por isso, estás de parabéns.
Bom fim de semana, querida amiga Teresa.
Beijo.
Ye assi mesmo, Jaime Portela!
ResponderEliminarBien haias.
Beisicos.
Ficarás indelevelmente ligada a língua mirandesa que tão bem dominas e fazes o favor de a partilhar com os amigos .
ResponderEliminarDepois...mas depois fica igualmente ligada a ela essa festa , esse castanheiro , essa alegria, essa comunhão de afectos , essa dádiva que cada vez mais se vai afastando do nosso povo.Depois...mas depois e como se isso já não fosse muito, essas fotos onde me deixo embriagar de beleza .
Obrigada, Perfume do Verso
Terno abraço
Querida amiga Manuela, convidaram-me para a Antologia da Maria Castanha, dizendo que seria bom que a minha participação fosse em língua mirandesa e que do texto constassem elementos etnográficos. É um trabalho em que Jorge Lage se envolveu com gosto e determinação.
EliminarE eu, que adoro castanhas e magustos, falei desta festa comunitária em Paradela, a aldeia mais oriental de Portugal, onde o sol nasce primeiro.
Fico feliz por teres percebido tudo e por estares comigo.
Terno abraço.
Sounds very nice to dance between that hills..
ResponderEliminarWish you a happy weekend
Caro Nassah, é um gosto encontrá-lo no "Perfume do Verso".
EliminarDevo dizer que este magusto fervilha de alegria, música, dança e gastronomia mirandesa. É ali que o rio Douro entra em Portugal e a paisagem é de rara beleza.
Abraço, saúde e bom fim de semana.
Só não vence quem não luta
ResponderEliminarBj
Grata pelo ânimo, Filipe.
EliminarBeijo.
Posso não entender tudo, mas a festa, a alegria, as imagens, me trazem a vivência de momento especiais, característicos de uma região e que merecem ser preservados. Bjs.
ResponderEliminarFui duas vezes a este magusto. Fiquei fascinada. Não quero perder. Entendeste o essencial, querida Marilene.
EliminarBeijo.
Maravilhoso!
ResponderEliminarÉs uma verdadeira embaixadora de Miranda, da sua língua, do seu Povo, das suas tradições! O meu reconhecimento e o meu aplauso. Mas tu mereces muito mais! Haja um movimento originário em Miranda para uma justíssima distinção e eu quero ser um dos primeiros subscritoras!!!
PARABÉNS!!!
Um grande abraço!
Vejo nas tuas palavras amizade e estímulo. Obrigada.
EliminarPara mim a língua mirandesa é uma conquista permanente. Dá-me luta.
Grande abraço.
Olá, boa noite1
ResponderEliminarÉ preciso preservar o Mirandês!
Faz parte da nossa identidade. Haja quem o defenda! Obrigada, Vieira Calado.
EliminarBeijo.
Obrigada pela partilha!
ResponderEliminarGosto dos olhares!!!
É ideal para um dos teus passeios, Gracinha.
EliminarBeijo.
assisti a tudo, guiado por pela tua "reportagem"... na mui fidalga língua mirandesa
ResponderEliminarjuro que entrei na "giriboila", que aguentei até ao fim, mas tu andavas "entretida" por outros lados.
nem por mim deste … rss
comovente o teu empenho, Teresa Almeida
e a tua dedicação à língua mirandesa
beijos
Bien haias, amigo Manuel Veiga.
ResponderEliminarBien te bi a beilar por ende ... rss. Naide s'admira, sós de l praino.
Beisicos.
Texto e imagens numa ligação tão perfeita, que não tive dificuldade em imaginar-me a integrar tal celebração!
ResponderEliminarMais uma partilha tão especial, e que foi um prazer degustá-la, ao sabor das suas sempre entusiasmantes palavras, Teresa, que tão bem descrevem a alma das nossas tradições!
Beijinhos! Continuação de uma boa semana, com saúde, para todos aí desse lado!
Ana
Querida Ana
EliminarÉ uma grande alegria encontrar o sumo do meu texto nas suas palavras. Significa que a língua mirandesa se vai entranhando no coração de quem a lê. Reconhecida, deixo um enorme abraço natalício.
BOAS FESTAS!
Passei para ver as novidades.
ResponderEliminarComo mais tarde posso não ter oportunidade, aproveito para te desejar um Feliz Natal, extensivo aos que te são queridos.
Beijo, querida amiga Teresa.
Também te deixo os melhores cumprimentos natalícios, querido amigo Jaime Portela.
EliminarBOAS FESTAS!
Beijo.
Gostei de ler e saber...
ResponderEliminarLendo e meditando no que pensam os puristas da Língua...
Que árvore é essa! Um monumento precioso.
Também gosto de magustos em boa companhia...
Ainda bem que cheguei a tempo, a minha saúde não tem andado muito boa...
Dias agradáveis e felizes, plenos de amor e paz. Abraço grande.
~~~~~~~~~~
Oh, Majo! Aguardo a tua recuperação, com grande estima.
ResponderEliminarMuito grata pela carinhosa apreciação ao meu texto em mirandês. À volta do castanheiro desenrolam-se romances e convívios. A castanha é fonte de rendimento e já foi, para muitos, fonte de sobrevivência.
A língua mirandesa é, também, uma árvore vital para a sobrevivência da nossa identidade. Há ramos que não resistem ao tempo e rebentos que a renovam.
Um apertado abraço de amizade.
As imagens do magusto são evocativas de uma bem popular tradição portuguesa.
ResponderEliminarO texto descreve esse costume, numa língua que, sendo a 2ª oficial portuguesa, é sempre bom pôr à prova e ser divulgada.
Muito bem.
Se me permite a sugestão, seria possível dar a conhecer um poema de Natal, em mirandês?
Abraço poético.
Juvenal Nunes
Certamente, amigo Juvenal. Grata pela provocação. É um prazer constatar que defende uma língua que, a par do português, é de todos nós.
ResponderEliminarBeijo.
Eu diria que foi mais uma sugestão, mas dentro do espírito da provocação, foi pensado de forma saudável.
EliminarAbraço de amizade.
Juvenal Nunes
Grata, amigo Juvenal, pela provocação. É um prazer constatar que defende uma língua que, a par com o português, é de todos nós. Como tal, é nosso dever divulgá-la.
ResponderEliminarAbraço poético.
Lhéngua maviosa, a mirandesa, que adoça as palavras.
ResponderEliminarDescrição com alma do magusto que ate faz água na boca, vontade
de apanhar as castanhas ainda quentes e saltitantes, como
fazem "las manos aquestumadas".
Adorei este seu texto. Como gosto de perceber tudo e de saborear cada palavra demorei a deixar o meu comentário.
Muito obrigada pela divulgação e por nos trazer alguns dos traços da cultura mirandesa, e em mirandês. :)
Bom fim de semana.
Beijinhos
Olinda
A sua sensibilidade ao que escrevo é de grande incentivo para mim. É um "upa" como se diz em mirandês. As palavras e a sua melodia são uma paixão para quem nelas se envolve. E depois de nos iniciarmos nesta língua cantando, dançando e aprendendo com alunos e colegas, não temos saída.
ResponderEliminarQuerida amiga Olinda, recomendo um magusto em Paradela. É cultura raiana, é um mergulho na raiz da tradição, é uma festa "sui géneris" e inolvidável. E temos como cenário o rio mais lindo do mundo.
Bom fim de semana.
Beijinhos.
Teresa
Querida Teresa
EliminarAdorei este seu apontamento.
Hei-de ir a Paradela. :)
Desejo-lhe Boa passagem de Ano.
E Ano de 2021 com as maiores Felicidades.
Beijinhos
Olinda
Das terras e das gentes um olhar traduzido em mirandês. E do magusto, um apetitoso desejo.
ResponderEliminarFELIZ NATAL e ANO NOVO de saúde e bem-estar.
Um beijo, amiga.
Teresa, parabéns pelo excelente contributo à preservação da língua mirandesa. Estás em grande!
ResponderEliminarUm beijinho :)
Teresa ,
ResponderEliminarMinha querida amiga
Estou com dificuldades em
Comentar . Mas as vezes tenho sorte
E é sempre com um sorriso que leio o teu mirandês com toda a poética linguística e mensagem tão igual à beleza dessas flores nas escarpas dessa terra bendita
Mas agora queria dar -.te o meu ternurento abraço de um Ano Novo com mais Paz , Saúde , Alegria .
Um brinde à nossa amizade !
Muito bom Mae! beijinhos :)
ResponderEliminarÉ uma gratificação especial encontrar-te aqui, filha minha.
ResponderEliminarÉ um miminho dos teus.
Beijinhos. <3