sábado, 30 de março de 2013

La mie rue

 
Rua da Rebola - Lagoaça
(Foto de Dalila Tomás)


A minha rua

A minha rua cobre-se de pétalas
coloridas e macias,
nasce o trigo nas janelas
e o cheiro silvestre das arribas.
Mantas alvas penduradas dão vivas.

Na minha rua sobe a música aos céus,
sente-se o repicado dos sinos
que vem do coração da aldeia.
Mesmo indo lá poucas vezes
sempre em mim os ouvirei.

Parece que queremos prender
o encanto da infância,
os primeiros passos na vida,
o calor, o riso, o olhar dos vizinhos
e as vozes que nasciam de madrugada.

Todos temos uma rua
e mesmo sem darmos conta
é ali que moramos,
como se brotassem primaveras
e sinos repicassem de alegria
nas pedras da calçada.



La mie rue

La mie rue inche-se de pítulas
queloridas i dóndias,
mana l trigo de las jinelas
i l cheiro silbestre de las arribas.
Mantas albas colgadas dan bibas.

Na mie rue chube la música als cielos,
sinte-se l repicado de las campanas
a benir de l Sagrado.
Mesmo q´alhá baia ralas bezes
siempre ne l miu coraçon las oubirei.

Parece que queremos assigurar
l ancanto de la nineç,
ls purmeiros passos na bida,
la  calor, la risa, l mirar de ls bezinos
i ls bózios que nacírun de madrugada.

Todos tenemos ua rue
i mesmo sien mos darmos de cuonta
alhá moramos,
cumo se nacíssen primaberas
i las campanas repicássen d´alegrie
nas piedras de la calçada.

Teresa Almeida Subtil



Rua da Malhada

Lagoaça

6 comentários:

  1. Lindo; e o Mirandês? Segunda língua oficial portuguesa? Poucos países no mundo se podem orgulhar disso.

    ResponderEliminar
  2. Sim,todos temos uma rua onde moramos,registrado pelo olhar da alma...

    Sempre lindo o teu sentir poético,amiga!

    Desejo que o teu domingo de Páscoa tenha sido muito feliz junto a tua família!

    Beijo e grande abraço nesta tua linda alma.

    ResponderEliminar
  3. A minha rua é o centro do mundo...
    O teu poema é magnífico. E mais ainda porque em mirandês também soa bem. Gostei das 2 versões.
    Um beijo, minha querida amiga Teresa.

    ResponderEliminar
  4. Gosto bastante de poemas com temáticas ligadas a lugares, neste caso, a tua rua, o que ela representa, e as sensações que se colam como se vestisses uma segunda pele. Esta é uma rua que anda ao sabor dos ciclos da natureza e dos rituais que se perdem no tempo. Tocante!

    Bjuzz, querida amiga :)

    ResponderEliminar
  5. Já era belo mesmo sem tradução. Assim ficou enriquecido por se dar a entender. Obrigado.

    Beijinho.

    ResponderEliminar
  6. Voltei para te ler.
    Mas reli-te com agrado.
    Beijo, querida amiga.

    ResponderEliminar