quinta-feira, 18 de abril de 2013

VÉNUS MUTILADA


Só podes ser o delírio de um poeta
que em noite de inspiração
deusa te sonhou
e nas asas verdes da tentação
duramente esculpiu


Fez -se ao largo num instante iluminado       
e surpreendido em teias de sedução
por artes divinas cativado
harmoniosamente te cinzelou

 
Um sonho moldado em pedra Donai
um olhar fechado, átomo virtual
Em toques de bisel te mediu o encanto
sentindo o pranto estático e real

 
Perseguiu-te inteira, na plenitude vital
em sopros de carinho te aclarou
centelhas meteoríticas de esperança
na tua pele abriu

 
Só podes ser um sonho fidedigno do artista
que em ti a poesia primordial
duramente esculpiu

 
Mas no sonho está insatisfeito o tempo
e a poesia, qual Vénus mutilada
explode eternamente sofrida
inacabada

Teresa Almeida
(Escultura de António Afonso)

 

6 comentários:

  1. Querida Amiga

    Uma bela Poesia a sugerir "[...]um sonho fidedigno do artista
    que em ti a poesia primordial
    duramente esculpiu[...]"
    Inacabada? Não! A continuar...
    Amei.


    Beijos


    SOL

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  2. A tua sensibilidade poética é muito especial,esculpida pelas palavras,

    asas da arte e vida...

    Lindo!

    Beijinho.

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  3. um sonho, um delírio que só pode ter sido inventado,

    por um sonhador, pela perfeição.


    gostei imenso!

    beijinho

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  4. Um belíssimo poema, tal como a simbologia de Vénus...

    Bjuzz, amiga Teresa :)

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  5. Por um dia musa, para sempre poesia...

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  6. Teu poema é pleno de percepção, minha amiga Teresa, nele foste além da pedra mutilada, atingiste mesmo a intenção do escultor, a estátua virtual.

    É um poema que me toca justamente por tal, por esse olhar do poeta que transcende a forma do visto, e vai no âmago da percepção, no essencial da poesia.
    Além de que teu texto comporta ressonâncias e sonoridades que muito me agradam.

    Excelente, minha amiga!

    Meu abraço com carinho.

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