Se vires uma cotovia perdida no espaço,
desenha-lhe um traço, estende-lhe um fio de aurora,
onde possa amar a claridade do tempo inicial,
o tempo dos amplexos do sol nas escarpas,
o espanto do mundo pendurado no penhasco
e do canto esgalhado nas arribas do apertado vale.
Já não se reconhece nas asas em que acreditava,
mas sabe que bebia a melodia imaculada das cascatas
enfurecidas,
dos orvalhos da noite, do grito surdo das folhas
perdidas.
Sabe que percebia o resfolgo da terra quente e
molhada.
Fez-se caminho de rio, eco de margens a pulsar paixão,
perigo, queda, lonjura, graça esfumada, queda rasa
de alma.
Morou sempre longe, rente ao penhasco, para lá da
imaginação.
A cotovia que tinha colhido na areia movediça o
esplendor,
fechou o ciclo. Fez-se regresso, primórdio. Sabia
que voava.
Esvoaçar é o
seu destino. Sempre longe da claridade
do ninho,
continua a rasgar asas, perseguindo horizontes impossíveis.
Se vires uma
cotovia perdida no espaço,
desenha-lhe um traço, estende-lhe um fio de aurora.
Teresa Almeida Subtil
Teresa Almeida Subtil
O voo das cotovias diz-me muito.
ResponderEliminarTeresa, parabéns por esta maravilha!
Beijo :)
O iniciar e finalizar do dia é evocado pelo seu canto magistral. Bem sabes do voo e canto da cotovia. Ela se esforça por manter o diálogo entre o rosicler e o repouso do Espírito.
ResponderEliminar"[...] Se vires uma cotovia perdida no espaço,
desenha-lhe um traço, estende-lhe um fio de aurora".
Beijos
SOL
Se acontecer assim uma cotovia
ResponderEliminarnunca estará perdida
Belo este voo rasgado
Bj
Nunca devemos deixar uma cotovia perdida. Seria um mau presságio! Os espaços do seu habitat pertencem-lhe por direito. Mas esta cotovia parece sofrida. Talvez com os desmandos dos Homens. Sim, é preciso devolver a esperança...
ResponderEliminarUm voo poético excelente, amiga, acompanhado de uma belíssima foto!
Bjuzz, querida Teresa :)
Uma foto linda, de cortar a respiração, e um poema que é um autêntico voo sobre a beleza da cotovia e o seus espaços de liberdade; ora espaço recôndito ora a céu aberto, ora perdida a necessitar de um "fio de aurora".
ResponderEliminarMuito belo, Teresa!
xx
A tua poesia rasga o céu das palavras, acompanhando este voo sincopado da cotovia que não conhece limites.
ResponderEliminarTu e a cotovia cada vez voando mais alto!
Belo Teresa
Beijinho!
"Se vires uma cotovia perdida no espaço,
ResponderEliminardesenha-lhe um traço, estende-lhe um fio de aurora."
Que beleza!
Um beijo.
Há muito tempo que não vejo cotovias. Ou ando distraído ou elas migraram de vez...
ResponderEliminarMas o teu excelente poema trouxe-me o canto do anjo da primavera...
Bom resto de semana, querida amiga Teresa.
Beijo.
Boa noite Teresa,
ResponderEliminarQue a cotovia tenha a sabedoria de manter-se longe dos olhares do homem destruidor.
Belíssimo poema, com cheirinho de "horizonte impossíveis".
bj amg
Belíssimo,Teresa.
ResponderEliminarUm voo poético magistral, com a expressão libertária nas
asas do teu sentir poético e um apelo para preservação,
somos responsáveis para continuidade do belo voo da cotovia.
Beijinhos,querida amiga.
Maravilhoso, Teresa! Parabéns!
ResponderEliminarBeijo!
Um excelente voo planado até ao horizonte infinito, feito liberdade, cor e amor.
ResponderEliminarNunca a cotovia ficará sem rumo, com tanta lux e esplendor.
Excelente, excelente, excelente!
Beijos Teresa...
Gostei de reler o teu excelente poema.
ResponderEliminarMas vim à procura de mais...
Aproveito para te desejar uma boa semana, querida amiga Teresa.
Beijo.
Teresa, reli o seu belo poema e depois, fiquei a brincar num fio de aurora...
ResponderEliminarBeijo!
belíssimo...
ResponderEliminarabraço
Belo poema! excelente! abraços.
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