Por ali se saboreavam as iguarias da terra. Lembro-me, particularmente, dos ovos verdes da avó Angelina e dos peixinhos da ribeira do avô António (recheados de carinho) a saírem das cestas de vime. Pressinto que, agora, nos fazemos ao caminho e voltamos às nesgas de praia do rio Maçãs para revivermos o cálido sabor das antigas tardes de romarias e encontros de família.
E tu andas por ali, recolhido, morto de saudades, nos sítios onde o rio se faz criança e brinca, mostra o leito e salta as pedras redondas e macias.
Chamam-lhe Ribeirica, deram-lhe nome de mulher. Mais acima, o Colado.
E no teu olhar, perturbado, ainda mergulho. Nos teus silêncios, profundos, ainda transpareço. E salto contigo.
E no teu olhar, perturbado, ainda mergulho. Nos teus silêncios, profundos, ainda transpareço. E salto contigo.
Só quem te ama entende: não pode ser um rio qualquer aquele que te viu crescer.
No quintal há, agora, uma pedra (raiana) que o rio amou, junto ao freixo de geração espontânea. Quando a
Primavera a abraça, é ali que saboreio o café matinal, como se fosse o lugar
mais alto do mundo. E então, na intimidade do silêncio, nasce um murmúrio de ribeirica a saltitar. Chego a sentir os pés molhados.
Teresa Almeida Subtil
Uma delícia de prosa poética!
ResponderEliminarBom sábado!!!
https://mgpl1957.blogspot.pt/
“Não pode ser um rio qualquer aquele que te viu crescer”
ResponderEliminarA tua “ribeirica” tem o sortilégio de levantar a vibração de mostos antigos…
… E mover as águas de meus rios confluentes – para nascente a “ribeira de Maças” (a tua poética Ribeirica) para leste o Rio Sabor - ambos soberbos no seu caudal de invernia e saltitantes ou a espraiarem-se nas margens, quase fio de água, na canícula de Agosto.
Em ambos mergulhei com igual prazer.
Grato, Teresa Almeida, por estes momentos tão belos de imersão em águas límpidas.
Beijo, amiga.
PS - Essa "Burgalesa" é a minha perdição rss
reprovação certa na "rosa dos ventos" - onde se lê "leste" deve ler-se "oeste".
ResponderEliminar"Só que ama entende... Não pode ser um rio qualquer".
ResponderEliminarAchei belo.
Bom começo de mês.
janicce.
Olá Teresa.
ResponderEliminarEssas lembranças agradáveis, de parentes queridos e dos locais por eles frequentados, dão mais alegria para nossos dias. Belo texto. Parabéns.
Um ótimo domingo.
Abraços.
Pedro
"E no teu olhar, perturbado, ainda mergulho. Nos teus silêncios, profundos, ainda transpareço. E salto contigo."
ResponderEliminarUma texto maravilhoso, Teresa! Só entende quem ama, de facto...
Uma boa semana.
Um beijo.
Gostei imenso do teu texto de memórias e da forma
ResponderEliminarpoética como as narraste...
Agradeço os bons momentos de leitura.
Uma semana muito aprazível...
Beijo.
~~
ResponderEliminarE então, na intimidade do silêncio, nasce um murmúrio de ribeirica a saltitar.
Nossas memórias são tão lindas, não Teresa? Podem trazer também algumas coisas que nos machucaram, mas as memórias felizes são mais fortes.
Beijo, querida.
Olá, Teresa
ResponderEliminarQuando as recordações são assim tão vívidas até sentimos os pés molhados...
Como é bom recordar! E nas recordações de infância, ou juventude, mistura-se uma nostalgia tão grande que às vezes até parece que dói...
Felizes dos que têm uma Ribeirica para recordar...
Aproveito para desejar uma santa e muito feliz Páscoa.
Votos de uma semana muito feliz.
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS
Minha amiga,
ResponderEliminarAbençoado este teu talento com as palavras a se moverem
no sentido sublime do correr do Rio vivo e tão amado, que
crescendo dentro de ti, bordado de sentires vestidos de
lembranças na fertilização da poesia que transborda nos
teus dedos com a as batidas de um coração de menina-mulher.
Este Rio tinha que ter um nome feminino na amplitude
do amor em que as crianças brincam...
Lindo o vídeo- música num todo arte!
Beijinhos saudosos.
Reviver dessa maneira não chega a doer, Teresa . A alegria com pintas o quadro contagia as palavras , tanta é a cor . Aproveita a ribeirica e mergulha nela pés e recordações . Belo !
ResponderEliminarBeijinhos
Um belo texto de recordações.
ResponderEliminarOnde o tamanho do rio não interessa, apenas as emoções que ele desperta.
Bom resto de semana, amiga Teresa.
Beijo.
Assim, à primeira, Ribeirica parece um corpo estranho, sem cor, sem cheiro. Falta-me, contudo, para entender a mensagem, o sabor dos afectos. E ei-los que chegam, omnipresentes, transportados nas tuas maravilhosas palavras.
ResponderEliminarPois que seja Ribeirica. A senti-la, muita coisa boa fica.
Um beijinho, Teresa :)