segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

L mais guapo cantar


Pinta-me hoije culs uolhos que tenies,
çliza l sol nas bordas de l miu cuorpo,
dá-me l gusto de la tua boca na mie,
guarda la quelor na poçanquita de l miu rostro
i canta-me baixico l mais guapo cantar.

Pinta-me hoije de poesie zlida,
fai-me hourizonte, lhinha perdida,
i na binha que plantemos al pie de l mar
derrama tou prazer, ben cumo benies,
ne l tiempo de soletrar la palabra florida,
fuolha branca i lhisa, chelubrina de l maçanal.

Pinta-me hoije i fai-me diusa,
solo cielo, solo airico. Amor miu.
Ben pintar quelores que l'ourora deixou
an l'ourbalheira de ls tous beisos ne ls mius.

Pinta-me hoije cumo Ban Gogh pintou 
l'azul que nun smoreciu.



O mais belo cantar

Pinta-me hoje com os olhos que tinhas,
desliza o sol nos contornos do meu corpo,
dá-me o gosto da tua boca na minha,
acentua o tom na cova do meu rosto
e sussurra-me o mais belo cantar.

Pinta-me hoje de poesia delida,
faz-me horizonte, linha perdida,
e na vinha que plantámos ao pé do mar,
esbanja teu gozo, vem como vinhas,
no tempo de soletrar a palavra florida,
folha branca e lisa, cotovia do pomar

Pinta-me hoje e faz-me deusa,
apenas céu, apenas brisa. Amor meu.
Vem pintar nuances que a aurora deixou
no orvalho dos teus beijos nos meus.

Pinta-me hoje como Van Gogh pintou
o azul que não esmoreceu.

Teresa Almeida Subtil


13 comentários:

  1. Engraçado como é musical o poema assim em mirandês. Um poema muito belo. Pinta-me hoje com os olhos que tens e faz-me deusa e pinta-me como Van Gogh pintou o azul que nunca esmoreceu. Muito belo! (Mas facilitava a tradução...)
    Um beijo e uma boa semana, Teresa.

    ResponderEliminar
  2. Vim espreitar a tradução, Teresa. É realmente "O mais belo cantar", este, o do amor, como um pedido muito íntimo.
    Obrigada, minha amiga.
    Um beijo.

    ResponderEliminar
  3. sedutor cantar de cotovia a abrir ao sol as asas
    num deslumbramento de canto inacabado que o sangue aceso reclama. e o azul imenso se faz eco e vertigem.

    suculenta a vindima e doce o mosto que escorre...

    muito belo, Teresa Almeida.

    (cálida emoção a minha ao ler em mirandês.
    gostei de me ouvir rss.
    um pouco mais de treino e chego lá. ainda)

    beijo


    ResponderEliminar
  4. Teresa muito obrigada pela visita!
    A poesia dedicada ao amor com um toque de tonalidades ... foi agradável ao ser lida!
    bj

    ResponderEliminar
  5. Muito belo, íntimo e tocante canto,
    inscrito da arte da Poesia.

    Aprecio sempre!!
    Beijos.

    ResponderEliminar
  6. Não somos como nos pintam, mas muitas vezes é muito próximo...
    Gostei muito do poema (nas 2 línguas), é excelente.
    Bom fim de semana, amiga Teresa.
    Beijo.

    ResponderEliminar
  7. Um poema singular urdido com belíssimos fios
    de saudade, amor, paixão e sensualidade.
    Um tom e expressividade emocionantes.
    Beijos, Teresa.
    ~~~~~~~~

    ResponderEliminar
  8. Lindíssima inspiração... e um prazer imenso descobri-la em mirandês... essa língua tão desconhecida para mim... mas que que nos dá a conhecer nossa ancestralidade...
    Se não se importar, Teresa... irei ficar com este poema debaixo de olho, para o destacar lá no meu canto, com um link para aqui, qualquer dia...
    Beijinho! Bom domingo!
    Ana

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Grata pela apreciação e pela feliz ideia de divulgar a língua mirandesa, uma língua que faz parte da nossa identidade. Prazer meu, Ana Freire.
      Beijinho e bom domingo.
      Teresa

      Eliminar
  9. Caramba, Teresa, este é de truz!
    Parabéns pela beleza que criaste!

    Abraço

    ResponderEliminar
  10. Ah Teresa , a tua musicalidade lembrou a poesia medieval " amor meu ". Já te tenho ouvido a declamar em mirandês , mas escrito tem um poder denotativo encantador ! A suavidade da sensualidade é de uma delicadeza emocionante . Amei
    Abraço querida Teresica"

    ResponderEliminar
  11. e assim no desfolhar dos lábios se pintam lábios nos lábios
    num belo concerto de pássaros
    que identificamos
    Bjs

    ResponderEliminar
  12. Que belo poema Teresa! Um cantar de amor coberto de saudosismo..., uma súplica que nos toca o coração.
    Beijinho imenso...

    ResponderEliminar