segunda-feira, 13 de novembro de 2017

A verdura do olhar / La berdura de l mirar

A verdura do olhar 

É em águas límpidas que me jogo
E da vida colho bálsamo azul.
Sensualidade florida, cachoeira arrebatada.
Língua sem freio, macia, desencravada.

Só te ama quem por ti se lança sem decoro.
Quem se faz verbo e se conjuga no infinito.
Quem se magoa e se desnuda clara e bravia.
Te diz princípio, aventura. Nunca servil.

Ternura desfiada em flauta pastoril.
Cor de giesta e urze. Fala mirandesa. Festiva.
Âncora e eternidade.
Ribeira que canta a verdura do olhar,
Debruada de candura.
 

 La berdura de l mirar

Ye an augas claras que me jogo
I la bida s´ antende bálsamo azul.
Sensualidade florida, cachoeira arrebatada.
Lhéngua sien trabon, macie, zancrabada.

Solo t'ama quien por ti se lhança sien bargonha.
Quien se fai berbo i se cunjuga ne l'anfenito.
Quien se pica i se znuda clara i brabie.
Te diç percípio, abintura. Nunca serbil.
Buntade de bestir saia i corpete.

Soudade zlida an fraita pastoril.
Quelor de scoba i urze. Dança Mirandesa. Festiba.
Áncora i eiternidade.
Ribeira que canta la berdura de l mirar,
Debruada de candura. 


Teresa Almeida Subtil



7 comentários:

  1. Uma maravilha de poema, Teresa! Um poema de amor festivo com giestas e urzes e límpidas águas...
    "Só te ama quem por ti se lança sem decoro". Tão belo, tão insinuante!
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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  2. Olá Teresa!
    Gostei muito do seu "A verdura do olhar, na nossa língua e em espanhol, "La berdura de mirar". Do teu belo poema transcrevo os dois versos, que o encerram:

    "Ribeira que canta a verdura do olhar,
    Debruada de candura."


    Parabéns, minha amiga poetisa.
    Um abraço.
    Pedro

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    Respostas
    1. Caro amigo Pedro,
      neste blogue escrevo em português e mirandês. São as duas línguas oficiais de Portugal. Eu vivo no planalto mirandês e, por isso, me entusiasmo tanto.

      Beijinho.

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    2. Querida amiga Teresa devo ter confundido alguma postagem com esta tua daí ter dito que o poema é escrito em português e espanhol. Peço-te perdão.
      Um beijo.
      Pedro

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  3. Só te ama quem (...)/quem te diz princípio, aventura/ nunca servil - assim te quero, fala mirandesa!

    poema escrito com o corpo. na paisagem...

    muito belo, Teresa Almeida.

    beijo



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  4. Um poema azul, bordado com a verdura das margens com o rodopio da serra.Tão bela esta personificação arrebatadora onde os sentidos mergulham!
    Abraço, Teresa!

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  5. Uau! Gosto muito do que escreves, Teresa, as palavras parecem possuidoras duma sonoridade que lhes confere vida.

    Um abraço :)

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