o romance escrevia-se no vento
e o tempo entre nós tinha paladar
bebido a tragos de sofreguidão,
pensamento que o verão despia,
rio inteiro de entrega e poesia.
Ah! E aquela passada apaixonada
melodia, anúncio, proximidade.
Não direi que foi a noite mais bela
mas aquela em que senti estrelas
massajando meu corpo dourado,
corpo desperto num desejo louco.
Mais intenso, só aquele beijo,
aquela noite, aquele lugar,
arrepio do primeiro toque
incêndio do primeiro olhar,
e um desejo infernal de ficar.
Achego
La música de la palabra yá era mie,
L remanse screbie-se ne l aire
i l tiempo antre nós tenie gusto,
buído cun gana zmedida,
pensar que l berano znudaba
riu anteiro d'antrega i poesie.
Ah! I aqueilha chancada apaixonada
melodie, anúncio, achego.
Nun dezirei que fui la nuite mais guapa,
mas aqueilha an que senti streilhas
dondiando l miu cuorpo dourado,
cuorpo spertado nun deseio boubo.
Mais fuorte, só aquel beiso,
aqueilha nuite, aquel lhugar,
arrepelo de l purmeiro topar
ancéndio de l purmeiro mirar,
Teresa Almeida Subtil
"arrepio do primeiro toque
ResponderEliminarincêndio do primeiro olhar"
Não há nada que se compare a instantes assim numa história de amor...
Magnífico, Teresa!
Uma boa semana.
Um beijo.
muito belo teu poema, Teresa
ResponderEliminaros dois primeiros versos (pre)anunciam
os restantes proclamam.
e a "perdição" de um "trago de sofreguidão" (breve que seja) no feitiço de uma noite quente de estrelas a povoar os olhos e a ferver na pele.
gostei muito, minha amiga
beijo
Olá Teresa!
ResponderEliminarDois belos poemas teus, "Proximidade" e "Achego". O primeiro tem versos belos como estes:
"Ah! E aquela passada apaixonada
melodia, anúncio, proximidade.
Não direi que foi a noite mais bela
mas aquela em que senti estrelas
massajando meu corpo dourado,
corpo desperto num desejo louco."
O segundo, "Achego" poema tem belos versos como estes:
"Mais fuorte, só aquel beiso,
aqueilha nuite, aquel lhugar,
arrepelo de l purmeiro topar
ancéndio de l purmeiro mirar,
i ua gana anfernal de quedar."
Parabéns, querida amiga.
Um beijo.
Pedro
Belo vagaroso instante
ResponderEliminarBj
O desejo de ficar é proporcional à proximidade...
ResponderEliminarExcelente poema, parabéns.
Continuação de boa semana, amiga Teresa.
Beijo.
E eu, aqui, com ua gana anfernal de quedar, ficar e ficar, descobrindo semelhanças, medindo cadências, tomando o pulso a esse perfeito casamento das duas línguas, essa proximidade, esse achego que se sente, que se apreende e no entanto cada uma tão específica e diferente onde só a raiz se adivinha.
ResponderEliminarQuerida Teresa, o Mirandês é uma língua poderosa e dar-no-la a conhecer através de versos belos e apaixonados é realmente serviço público, um serviço de amor. É melodie, anuncio, achego. Urge ensinar esta nossa segunda língua oficial em todas as escolas.
Beijo
Olinda
Minha amiga,
ResponderEliminarPoema belíssimo e com uma melodia
especial do perfume único da
tua poética.
O teu estilo poético é impregnado do
teu talento e inspiração feminina
no sentir delicado, e também nesta
sensualidade elegante e ao
mesmo liberada de expressar na
beleza sedutora.
Um poema admirável! ...
Beijinhos.
Deixando o meu agradecimento e dizer
ResponderEliminarque respondi no meu blog.
meus votos de um feliz feriado de
carnaval na harmonia e paz para
ti e os teus, Teresa!
Beijos e Abraço grato, minha
querida amiga.
Esse rio , essa paisagem apaixonante , só podia ser o aconchego de uma paixão .
ResponderEliminarMas a música da água , é o embalar de um berço que ainda embala as recordações no painel da tua memória!
Belo, Teresa ! As tuas paisagens são inebriantes !
Beijinho !
Delicado e charmoso momento poético!
ResponderEliminarbj
Esse estado de suspensão diante da "coisa posta". O resultado é francamente por assim dizer "visual"/vocabular sem que haja nuvens de poeira para nublar as nossas retinas. Puro encantamento tamanha a beleza da linguagem.
ResponderEliminarBeijo,
Muito bonito, sensual e elegantemente 'quente'!
ResponderEliminarBeijinho, querida Teresa.