Confesso que passei no Xaile de Seda da amiga Olinda Melo.
Confesso, ainda, que guardo cartas de amor, apertadas com uma fita. De seda atrevida.
Já mudaram algumas vezes de casa e até de gaveta. Um dia estacionaram na cómoda antiga.
Em festa!
Já mudaram algumas vezes de casa e até de gaveta. Um dia estacionaram na cómoda antiga.
Em festa!
Será que, agora, o amor é volátil como um perfume? Ou mais
versátil? Menos romântico ou mais criativo?
A verdade é que o molhinho de cartas está mesmo à mão e os
poros transpiram magnetismo. Como se fora um campo liso na ânsia de ser
cultivado. É o passo, a dança, o filme, o abraço, o beijo, o recanto, a
fotografia... e os salpicos de pétalas secas. Incomparável aroma!
E meu molhinho de cartas de amor é meu segredo mais celebrado.
Verdadeiro poema.
Desato o laço? Talvez! Para saborear a palavra, aquecer a
tarde fria, sentir o sussurro do vento nas folhas amarelecidas e reviver
emoções ao calor das brasas.
E daí... talvez não! Se acrescentar realidade à fantasia e
me atrever a dar-te a mão? Apetece-me um bolero de Ravel! E um tango logo a seguir.
"Meu amor de algum dia!" Ouçamos nossa íntima melodia
e vamos escrever mais uma carta - de corpo inteiro.
Teresa Almeida Subtil
Teresa Almeida Subtil