Lembro a
alegria da cerejeira grávida e vermelha e as cestas recheadas de amizade.
Lembro a horta farta e cuidada e os sucos a dar de beber à sede na canícula do
verão. Do calor e da sombra tenho saudades. E da merenda com frutos tropicais e
compotas da ribeira. E do cristalino espelho de água e do mundo que nele
vibrava. E do meu voo de borboleta entre a magia que pintava. Ah! E a
simplicidade das cantigas que soltavam a melodia e a festividade de um reino de
fantasia!
Sei que
nunca mais chega Agosto. Era de outro calendário onde já não me reconheço. E as as mãos, inquietas, imbuídas de ternura e perfumes de goivos, escrevem em
desatino e a poesia explode sem tino, nem lei, e tocam apenas a pele dos dias
como se fossem frutos maduros plenos de paladar.
O reino arrefeceu ... mas as mãos recusam-se a regelar.
Teresa Almeida Subtil
Um texto que nos obriga a entrar em reflexão
ResponderEliminar.
Abraço
"O reino arrefeceu... mas as mãos recusam-se a regelar"
ResponderEliminarGostei do todo o texto com este final que arrebatou-me a alma e os sentidos!
Beijinhos
Todos nós, pessoas maduras, temos na memória destes reinos de fantasia...
ResponderEliminarUm belo texto poético, querida Amiga. Foi uma leitura deliciosa.
O meu abraço, Poetisa.
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pelas memórias nos dizemos e reconhecemos, não é verdade, Teresa?
ResponderEliminare do chão fecundo nos erguemos e colhemos o farnel para a grande viagem!
e tuas mãos benfazejas jamais irão regelar.
haverá sempre um bafo amigo que as aqueça!
beijo cálido, minha amiga
Que lindo texto poético, Teresa! Também tenho saudades do meu Reino da Fantasia, que nem sempre foi fantasia, mas que pelos idos tempos, se fez... Mas agora não há mais reino e nem fantasia. O mundo é outro, ficou duro, engessado.
ResponderEliminarMuito bom, minha querida! Aplausos.
Beijo, um bom fim de semana.
Que lembranças bonitas e cristalinas, tu tens e que nos transmites! Escreves, tão apelativa e meigamente, Teresa! O tempo não retrocede, todos o sabemos, mas sabe tão bem ler os teus textos!
ResponderEliminarElvis não é do meu, nem do teu tempo, mas ele ficará para sempre na memória de todos. Tanta coisa que existe sempre no nosso espírito. Gostei de ver o rosto lindo dele e de ouvir a canção.
Beijos e bom domingo.
E como se esta tormentosa nostalgia não bastasse , ainda me pões um Elvis, Teresinha?
ResponderEliminarHaja dó!
Pois é, Teresa, como eu te entendo e me vejo naqueles aninhos parabéns procura dos morangos pequeninos mas tão “ afrosidiacos” cujo paladar e aroma não tem igual!
Mas dizes muito bem: o reino vai- se renovando... mas que as mãos não esqueçam de acarinhar com os mimos que só elas sabem .
O espírito , esse, nada o enrugará!
Sabes que adorei
Abraço
Como escreveu um poeta, algumas marcas são eternas e só se vêem de muito, muito longe.
ResponderEliminarApesar do outono e do frio colocas ao alcance dos sentidos um inesperado rumor que te leva até à lembrança de um tempo maravilhoso que fez nascer este poema lindíssimo.
E como foi bom ouvir o Elvis…
Uma boa semana, Teresa.
Um beijo.
Um texto lindíssimo, que também a mim, me fez mergulhar em vôo directo, nas doces memórias das minhas férias de Verão, nos tempos de juventude... e com um final extraordinário... qual cereja, em cima do bolo...
ResponderEliminarPara ler, reler e saborear...
Beijinho
Ana