domingo, 24 de novembro de 2019

Quase nada



Agita-se o Outono e é Novembro
A chuva miúda fustiga-me os cabelos
E gotas descem aos lábios
A desluzir palavras
E a deslaçar os dedos.

Quase nada
Apenas estrelas tombam dos candelabros
Para acenderem olhos nos olhos
Fantasia a arder em luz coada.

Um aroma a goivos
Evade-se pela porta entreaberta
E reflexos de lamparinas rubras
Deslizam na rua quebrada.

E a gigantesca árvore é já poema
Com alma e pena de bailarina
Vibrante sina que prende a noite
À saudade. Vadia, a palavra
É humidade que penetra e liberta

Volúpia de ondas azuis 

Marés secretas.

TeresaAlmeida Subtil



13 comentários:

  1. Bom dia. Mais palavras para quê!. Poema simplesmente maravilhoso e encantador
    Deliciei-me a lê-lo.

    Domingo feliz

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  2. Um quase nada... que nos enche a alma...
    Belíssimo poema, Teresa, que tão bem nos passa o espírito do Outono, que se respira no nosso Portugal mais profundo... e neste inspirado momento poético!
    Beijinho! Feliz semana!
    Ana

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  3. "E a gigantesca árvore é já poema"
    Adorei todo o poema, mas este verso foi de uma inspiração suprema!

    Beijinhos e boa semana!

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  4. No outono os contrastes existem em todos os olhares, mas são os poetas que conhecem as palavras certas para falar do encantamento das cores, dos aromas, da volúpia… Magnífico poema, Teresa!
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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  5. uma belíssima aguarela de Outono (ou não fosses tu talentosa pintora), que se derrama na tela em expressivas cores e tons ...

    como se talento e a sensibilidade da poeta erguessem uma nostálgica e festiva celebração de Vida

    gostei muito, Teresa

    beijo

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  6. Belíssimo, querida Amiga, belíssimo!
    Esta tarde compus um poema também sobre chuva, em interação com a Marta Vinhais...
    No meu jeito simples.
    Grata pelos bons momentos de leitura.
    Dias serenos e aconchegantes.
    Abraço grande.
    ~~~~

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  7. Olá, Teresa!
    Parabéns, minha amiga Teresa, por este inspirado
    e bem construído poema. Uma beleza!
    Uma boa semana Teresa.
    Um beijo.
    Pedro

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  8. Querida Teresa

    "Quase nada" que é Tudo nesse seu poema, que nos traz a magia que o Outono respira e que nos encanta com os seus tons, cheiros e sabores. Em toada maviosa embalamo-nos e deixamo-nos ir nessas marés secretas, fluxo e refluxo da sensibilidade imensa que nos oferece na sua escrita, minha Amiga.

    Adorei o seu poema. Como sempre.

    Beijinhos

    Olinda

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  9. Que belo poema , Teresa !
    É a minha leitura de outono quando as folhas caídas já não trazem a placidez dos raios amarelos .Tao bela essa metáfora quando dizes que a “árvore é já poema”! Tantas sinestesias que este imagem nos traz , tantas leituras para celebrar o teu enorme poema de hoje !
    Deixa que pelo menos o tamborilar da chuva na vidraça traga mais versos
    Beijinho para ti

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  10. Mais um magnífico poema.
    Onde as palavras penetram no leitor em marés nada secretas, porque são tuas...
    Teresa, tem um bom fim de semana.
    Beijo.

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  11. Porque as palavras podem, caso queiramos, de tantas formas nos libertar. Costumo dizer que o silêncio,da boca e dos dedos, nunca erra, porque não deixa margens para erros, equívocos, mas as palavras, ainda que às vezes elas se equivoquem, são sempre mais corajosas do que o silêncio, além do ato generoso que é se doar aos outros através do que nossas bocas e mãos podem dizer. Um beijo, Teresa, espero que estejas bem.

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  12. Que bom voltar a ter o prazer de te ler, Teresa! A alma desliza...

    Um beijinho :)

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  13. Um maravilhoso retrato poético do Outono... adorei cada palavra, como sempre!
    Parabéns, Teresa, pelo talento, sensibilidade e paixão, que sempre nos transmitem as suas inspiradoras palavras!...
    Beijinho
    Ana

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