quinta-feira, 25 de junho de 2020

La jabeira / A algibeira






La Jabeira 


Nun sei dezir mui bien,

anque l sentir seia mui fuorte,

dezde la purmeira beç

que çcalçei uas guapas alparagatas,

puse ls pies ne l chano i beilei un repasseado.

Senti l'alma na lhéngua, ne l sonido

i na fuorça de las regubiuras.

Apuis la gaita, las castanhuolas i la fraita

fazerien camino cun nós por esse mundo afuora.

Benírun amboras i ampecilhos a zbiar-mos de la torna,

mas era tan berdadeiro este sentir,

que saltábamos todos ls paredones

i cuntinábamos,

cumo se na jabeira morasse la gana de bibir,

la berdade i la riqueza de la cultura mirandesa.




Algibeira mirandesa

Não sei dizer muito bem,
embora o sentir seja muito forte,
desde a primeira vez
que descalcei umas lindas sandálias de verão,
pus os pés no chão e bailei um repasseado.
Senti a alma na língua, na melodia
e na força do movimento.
Depois a gaita de foles, as castanholas e a flauta
fariam caminho connosco por esse mundo fora.
Vieram contratempos a desviar-nos do rumo,
mas era tão verdadeiro este sentir,
que saltávamos todos os muros
e continuávamos,
como se na algibeira morasse a vontade de viver,
a autenticidade e a riqueza da cultura mirandesa.

Teresa Almeida Subtil
(in Rio de Infinitos/Riu d'Anfenitos)


18 comentários:

  1. Bom dia:- Fabulosa publicação. Doce inspiração e criatividade poética.
    .
    Cumprimentos

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  2. Um excelente +poema regionalista. Que Miranda agradece, p+or certo.
    Parabéns pelo talento poético das tuas palavras.
    Continuação de boa semana, querida amiga Teresa.
    Beijo.

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  3. Que belo poema, Teresa!
    Profundamente inquieta esta alma, você deixa neste canto que role da algibeira este canto de amor a Miranda, como tantos outros que já os lemos aqui. Cada um com a sua delicadeza!
    Um beijo, minha amiga Teresa!

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  4. Boa tarde! Excelente poema! Obrigada pela partida!:)
    ~~
    Sinto em mim uma força interior

    Beijo e uma excelente tarde!:)

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  5. Confesso que te imagino a dançar, a rodopiar sobre ti própria como se fosse à volta da vida. Lindo, o teu poema.
    Um grande beijo.

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  6. no Terreiro acabadinho de regar
    pois quem baila este "repasseado" não é uma bailadeira qualquer!...

    procuro acertar o passo, será que me acerto?

    belíssimo o Poema, Teresa
    ritmado e vigoroso, como se impõe!

    beijo, minha amiga

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  7. Adorei esta algibeira mirandesa!
    O poema e o acessório artesanal!
    Na sua zona deve haver trabalhos de artesanato lindíssimos!

    Beijinhos e bom fim de semana!

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  8. Belissimo!
    Adorei essa algibeira. O conjunto do traje deve ser fabuloso. Confesso que te imaginei assim, dançando a melodia incomparável da gaita de foles!

    Beijos!

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  9. Nessa algibeira,espero que guardes sempre muita paz e alegria,imensa saúde também,espero que guardes coisas muito boas nessa tua algibeira!! Desejo,para ti,um feliz e abençoado mês de Julho,muitos beijinhos!!

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  10. Uma cultura para perdurar - e quão necessário é saber preservar aquilo que nos toca, onde fomos forjados - se todos tiverem o mesmo sentir da Teresa. Oxalá!

    Um beijinho :)

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  11. Olá,minha querida,muito obrigada por teres comentado no meu poema número um,sim,a esperança é a última a morrer,ser feliz é tentar aproveitar a vida ao máximo,obrigada pela boa sorte que me desejas com o meu blogue,muitos beijinhos!! Muito obrigada também por teres comentado no meu poema número dois,fico imensamente contente que tenhas gostado do meu poema número dois e que gostes também do campo e da aldeia!! Muita saúde para ti também!!

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  12. Olá, Teresa!

    Uma beleza este seu poema, querida amiga. Um canto com a alegria da alma mirandesa (presumo, pois pouco ou quase nada sei dessa cultura), nesse caminhar, descrito nesses belos versos;

    “desde a primeira vez
    “que descalcei umas lindas sandálias de verão,
    pus os pés no chão e bailei um repasseado.”
    ..................................................................
    “Depois a gaita de foles, as castanholas e a flauta
    fariam caminho connosco por esse mundo fora.”

    Uma ótima quinta-feira, com os cuidados com a saúde Teresa.

    Beijo.
    Pedro

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  13. Passei para ver as novidades.
    Na falta delas, estive a ouvir com maior atenção o grupo musical do vídeo e percebi que os seus músicos são muito bons.
    Continuação de boa semana, querida amiga Teresa.
    Beijo.

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  14. Jaime Portela, gostei que apreciasses a qualidade dos Galandum Galundaina. A recolha das cantigas é feita, maioritariamente, na própria família. São genuinamente mirandesas. O grupo soube aproveitar este filão dado que são professores de música.
    Não me canso de os ouvir.

    Abraço amigo.

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    Respostas
    1. Pois, são professores de música... eu logo vi, já que os pormenores musicais são muito bons e a escolha dos instrumentos é criteriosa.
      Um abraço e obrigado pela explicação.

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  15. De pés descalços para sentir o chão
    e as raízes musicais entranhadas
    no coração, fica esta algibeira cheia
    de um Povo com alma.
    E que bem o diz e bem o sente, minha amiga.

    (voltarei mais tarde para apreciar o vídeo)

    Um beijo amigo
    (finalmente posso comentar directamente - o erro da minha conta google esta' ok)

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  16. Querida Teresa

    Tão belo começar o post com o Poema em Língua Mirandesa. Doce e entranhado amor que se sente nos seus versos pela cultura de Miranda do Douro. A afirmação e reafirmação de que com persistência e fé tudo se consegue.

    E esse repasseado, um dia hei-de dançá-lo.

    Adorei as suas palavras e toda a sua sensibilidade e talento.

    Beijinhos

    Olinda

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  17. O amor pelas tradições mirandesas, nesta poética declaração... senti-me a participar nesse apaixonante e festivo rodopiar de emoções... as suas palavras, Teresa, têm esse poder... fazem-nos participar activamente, nos seus belos cenários poéticos... e mergulhar na cultura mirandesa...
    Gostei imenso de participar nesta festa!!! Um beijinho
    Ana

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