E cá estou eu no meio das malvas, digo, no meio das bonecas. Nomeio as bonecas porque nunca delas me separei. Pronto, levo três. Para mim vai uma bailadeira, de cores vivas, já que “quem parte e reparte e não fica com a melhor parte, ou é burro ou não sabe da arte”. Em qualquer parede da casa ficam a falar do lugar e dos passos harmoniosos que damos. Pelo menos tentamos. Mas nem tudo são malvas cor-de-rosa, A minha mãe, que tanto gostava de rondar entre elas, fervê-las e usá-las para curar maleitas, havia de gostar desta altiva que surgiu, agora, entre as pedras do quintal.
As
minhas duas bonecas reais são raianas como eu, e trazem enraizado este gosto de
saltar a fronteira. Têm asas de liberdade como aves das arribas.
Zamora
está muito chamativa com esta Feira da Cerâmica (a mais antiga de Espanha). De
cerâmica e de alhos. Reúne vendedores de Pereruela, Moveros, Toro e de vários
pontos do território de ”nuestrros hermanos”. A mostra de cântaros e outras
antiguidades prendem a atenção dos visitantes e lembram pedaços da nossa
própria estória. E quem não tinha uma cantarinha para ir à fonte? E quem não
cantava com ela à cintura “cantarinhas, feitas do barro mais belo…?”
A
Nor-noroeste da praça, Viriato (séc. II a.C.), líder militar, mostra o seu
garbo. Foi o “terror romanórum”. Vale a pena perdermo-nos na neblina do
percurso deste guerreiro, morto à traição. Sobre a cava de Viriato, em Viseu,
também corre muita tinta, e o nosso herói surge envolvido numa aura de “
mistério, ideologia e romantismo histórico”.
Dele
não se esqueceu o grande Camões (Os Lusíadas, VIII, estância 6)
Viriato
sabemos que se chama,
Destro
na lança mais que no cajado;
Injuriada
tem de Roma a fama,
Vencedor
invencível afamado;
Não
tem com ele, não, nem ter puderam
O
primor que com Pirro já tiveram.."
E, a rematar a tarde, sabe bem tomar uma bebida fresca, na esplanada da cafetaria Dolfos, e posso ir tomando o pulso ao dia, na minha agenda polivalente. Em Santa Clara ainda não se veem corpos bronzeados e vestidos airosos como antes da pandemia.
Por
esta altura, já as mulheres gostavam de presumir.
E ala que se faz tarde! A cegonha que nos viu entrar, está à espera de nos ver sair.
Teresa
Almeida Subtil
Bom fim de noite de domingo, querida amiga Teresa!
ResponderEliminarUm post e tanto...
Faz tempo que não vejo cegonhas, vi-as num parque ecológico das Cataratas de Iguaçu a última vez. Acho-as tão lindas.
Seu texto cheio de imagens bonitas, adoro bonecas de pano ou de cerâmica. Enfim, bonecas... São vida onde estejam.
As malvas são antinflamatórias, é uma erva muito vendida aqui.
Um post veranesco com direito à cafeteria com algo fresco.
Que a Estação aí permita um bronzeado bonito e salutar!
Tenha uma nova semana abençoada!
Beijinhos com carinho fraterno
Como sempre, foi um prazer ler-te.
ResponderEliminarFiquei sem saber se és tu que estás na foto...
As cegonhas vigiam-nos e acompanham-nos por toda a Ibéria!
Querida amiga, em despedida deixo-te um grande abraço.
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Sou mesmo eu, querida amiga. Este novo "look" veio com a pandemia. Adaptei-me bem.
EliminarBeijinhos e bom verão!
Fica patente a beleza das malvas, da natureza em geral e das festas que reúnem e levam as pessoas ao convívio.
EliminarAbraço de amizade.
Juvenal Nunes
A feira de cerâmica de Zamora deve ser muito interessante e, pela fotografia, estás a divertir-te bastante. É um gosto ler-te, minha Amiga Teresa.
ResponderEliminarUma boa semana. Muita saúde.
Um beijo
Boa tarde Teresa,
ResponderEliminarUm texto maravilhoso falando das tradições raianas, que deixam sempre saudades!
Gostei de vê-la no meio dessas maravilhosas bonecas!
Uma tradição que é de louvar!
Beijinhos e uma boa semana.
Ailime
encantadora crónica! saudades... não resistiria a regressar por Fomoselhe... e o Douro selvagem..
ResponderEliminarbeijo
Bela publicação. Fascinantes fotos. O ninho da cegonha fascina-me.
ResponderEliminar.
Feliz fim de semana. Cumprimentos.
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Boa tarde, querida Teresa
ResponderEliminarTexto perfumado e pleno de coisas belas a lembrar-nos o
presente e o passado. Festa de San Pedro em Zamora, Feira de Cerâmica, Viriato o "terror romanorum", e a minha querida amiga
no meio de tantas bonecas e a recordar o cheiro e as propriedades da malva.
Por aqui correu uma aragem fresca.
Beijinhos
Olinda
uma excelente descriição, "revi" tudo, mediante a tua escita elegante e sugestiva.
ResponderEliminarBeijo
Tudo deliciosamente interligado, nesta refrescante e encantadora descrição destas festas tradicionais!... O presente... boas memórias... as bonecas artesanais... História... poesia... as imagens... e adorei vê-la, Teresa! Gosto imenso do novo visual!
ResponderEliminarEstimo que o período de festas decorra na maior tranquilidade! Aqui estivemos mergulhados em altas temperaturas, e com incêndios em meio urbano mais perto do que nunca... mas creio que por aí, a frescura, ainda não se perdeu... mas aqui na zona centro... nem o microclima da Serra de Sintra contrariou as tórridas temperaturas de há alguns dias atrás, por estes lados... o clima em mudança acelerada, já se faz sentir... e de que maneira!...
Um beijinho! Votos de um feliz domingo! Tudo de bom!
Ana
O 'novo look' fica-te muito bem!: )
ResponderEliminarAgradeço-te os votos de boas férias que me desejaste em julho
e convido-te a colaborar na minha atual celebração da Amizade. Um grande abraço.
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