sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Enterro do ano velho.

 

Pela noite velha queima-se o ano, em cerimónia ritual. Uma tradição solsticial que não queremos deixar morrer. Esta foi uma noite que quisemos viver - não direi em plenitude - mas aproveitando os últimos acordes antes de rasgar a página e seguir em frente. Bem sei que o tempo é selvagem e voraz e teima em escrever o calendário em nós. Apesar de tentarmos domesticá-lo com festejos, somos marcados, ano após ano, qual código de barras. 
Nesta última noite de 2014 - bem geladinha, como é próprio da época, só uma grande coragem arrancou alguns ao aconchego do lar.
Nos olhares uma intrínseca mistura de sentimentos.
Faltam as máscaras! diziam alguns. É verdade, sentimos que faltaram as máscaras para que as pessoas se pudessem evadir e queimar, sem medo, as agruras e as revoltas. Desde tempos imemoriais , sabemos da necessidade de soltar personagens treatreiras, talvez as mais genuínas.
A ideia é queimar só os maus momentos porque os bons não os deixaremos morrer; não queremos extinguir-lhes a chama.

Teresa Almeida Subtil


6 comentários:

  1. É bom manter as tradições. Que o Ano Novo lhe traga tudo o que deseja.
    Um beijo.

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  2. Olá Teresa!
    Feliz de quem ainda assiste a rituais desses.Aqui no Algarve, é só bebedeiras pela rua, e fogo de artifício para os turistas. Eu fiquei em casa no quentinho.
    É bonito assistir a um ritual simples, mas com muito significado; enterrar um ano para receber outro, como uma renovação.
    Bom fim de semana.
    xx

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  3. Muito bonito Teresa! Cada terra com os seus costumes....gostei muito de ler este enterro do ano velho....

    Desejo-te um excelente 2015, para ti e para os teus. beijinho grande....:)

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  4. Uma tradição que interessa preservar.
    Mas que voltem as máscaras...
    BOM ANO, querida amiga Teresa.
    Beijo.

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  5. Que se preserve a cultura deste país pelo menos por quem vive genuinamente o que ainda é imaterialmente nosso....
    E que bom que nos recordes !
    Bom ano querida amiga , Teresa

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