Para ti, Ana Maria, um braçado de rosas.
Toquei-lhe ao de leve, numa carícia de fim de tarde, como se a lua se desenhasse na janela, mesmo atrás da brancura das ondas que a embelezavam. Nem sei se me pressentiu, ela que era pluma e alegria esfuziante, jeito brincalhão e modo esvoaçante de caminhar. Lembrou-me outra que me prendeu o olhar na caixa do supermercado com um adeus de “A insustentável leveza do ser”. Toda enrugada, mas de uma elegância a toda a prova (oitenta e tais). À saída, reparei que conduzia um carro espetacular, sozinha. Tocou-me esse momento!
Ana Maria levava sempre um pau, mas parecia que era para fazer desenhos pelo ar que respirava. Às vezes levava um beijo de gratidão só pela forma como me surpreendia. Bailava na expressão. “Todos os dias bato à porta da sua mãe para ver se está bem”, dizia-me. Já na aldeia, a vizinha Céu, batia e entrava. Isto de querer bem passa muito pelas atitudes. Ana Maria parecia sentir sempre o meu adeus de despedida. Era irresistível da minha parte, assim como a troca dos sorrisos. Às vezes ajudava-me com a língua mirandesa. Maravilhosas partilhas! Era amiga.
Há dias já não chegava à garrafa de água que tinha tão perto! E foi-se despedindo, tão breve como uma rosa no Inverno. Chegou ao fim de 2016.
No Lar da Senhora do Monte sentia-se bem, como se a fonte de vida estivesse ali ao pé, onde o Fernando cultiva as mais belas rosas das redondezas. Um utente que se fez jardineiro talvez por vocação ou destino poético. Conheci-o sempre solícito, prestável. Às vezes roubo-lho uma rosa e mistura-a com as minhas para oferecer aos amigos virtuais. Na verdade, bastava uma para mudar a face da casa, mas há quem muito lhe queira.
Para ti, querida Ana Maria, escrevo e sinto nas palavras o perfume das rosas do Lar da Senhora do Monte.
Ana Maria levava sempre um pau, mas parecia que era para fazer desenhos pelo ar que respirava. Às vezes levava um beijo de gratidão só pela forma como me surpreendia. Bailava na expressão. “Todos os dias bato à porta da sua mãe para ver se está bem”, dizia-me. Já na aldeia, a vizinha Céu, batia e entrava. Isto de querer bem passa muito pelas atitudes. Ana Maria parecia sentir sempre o meu adeus de despedida. Era irresistível da minha parte, assim como a troca dos sorrisos. Às vezes ajudava-me com a língua mirandesa. Maravilhosas partilhas! Era amiga.
Há dias já não chegava à garrafa de água que tinha tão perto! E foi-se despedindo, tão breve como uma rosa no Inverno. Chegou ao fim de 2016.
No Lar da Senhora do Monte sentia-se bem, como se a fonte de vida estivesse ali ao pé, onde o Fernando cultiva as mais belas rosas das redondezas. Um utente que se fez jardineiro talvez por vocação ou destino poético. Conheci-o sempre solícito, prestável. Às vezes roubo-lho uma rosa e mistura-a com as minhas para oferecer aos amigos virtuais. Na verdade, bastava uma para mudar a face da casa, mas há quem muito lhe queira.
Para ti, querida Ana Maria, escrevo e sinto nas palavras o perfume das rosas do Lar da Senhora do Monte.
"Toquei-lhe ao de leve, numa carícia de fim de tarde, como se a lua se desenhasse na janela (...)" - tão bonito o que escreves.
ResponderEliminarconheço esses rostos, que guardo numa paisagem íntima, restos de mim e de um tempo de afectos a arder em cinza quente.
belo e sensível texto.
beijo
Tão comoventemente belo o que escreveste, Teresa. Como disse um poeta "um amigo que morre é uma ferida na luz"...
ResponderEliminarQue 2017 seja para ti um ano muito abençoado.
Beijos.
Querida Teresa,
ResponderEliminarFui lendo e sendo tocada pelo caminho de rosas da tua
sensibilidade e afetividade...
Tão bela e humana a tua narrativa que me proporcionou
conhecer (imaginação...) a Ana Maria, colhendo
as rosas das tuas palavras de amizade na despendida
que a vida desenha no jardim, mas no etéreo este
jardim é sempre preservado com laços de rosas
de puro afeto!...
Recebo a minha rosa da tua amizade e deixo a
minha rosa de amizade para ti, neste espaço
de arte poética perfumada e especial (a tua
escrita é sublime!...).
Beijinho.
Bonita é a amizade, quando perfumada por rosas...
ResponderEliminarUm texto magnífico, de uma doçura incomparável de exaltação dos afectos ,e poesia na alma...
Beijinho Teresa.