segunda-feira, 28 de setembro de 2020

La casa cheiraba a Setembre

 

La casa cheiraba a Setembre

Lhougo a pormanhana abri la puorta

I chegou-me l'oulor a fruita madura

La casa cheiraba a Setembre.

L més que la perfumaba.

 

Atrabessei l pátio de lhaijes de granito

Chubi las scaleiras anchas de piedra única

Lhabadas cumo se fura siempre fiesta.

Na mano un galho de bioletas.

 

Alhá stában ls pincels, la tela ne l cabalete

I nas paredes pinturas bariadas

L'assinatura era nuossa.

Solo nun ambentei la cadeira antiga de palhica.

 

La puorta de trás

Abre la natureza eimensa

L bolo de l mirar i l'anfenito galgar de l riu

I las abes d'altibo porte i ls pardales

I l mielro a cantar a la mie chegada

Cumo siempre.

 

Sentei-me nas scaleiras, a la selombra de la parreira

Carregada d'ubas brancas- moscatel.

Andecisa na biaige: ler ó screbir?

I deixei correr l tiempo antre un bolo i outro

I l prazer cuntina.

 

Teresa Almeida Subtil






18 comentários:

  1. Poema lindíssi8mo que me deliciou ler.
    .
    Cumprimentos

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  2. Um poema tão belo. Obrigada pela partilha!

    -
    Na melancolia do tempo...
    -
    Beijos, e uma excelente semana!

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  3. Teresa,

    Com gestos de amor e de ternura,
    guardas este "rincón" em tuas mãos,
    como um sonho esculpido em pedra dura,
    que o passar do tempo mais apura!

    Um grande abraço!

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  4. Fizeste bem em publicar apenas em mirandês, assim tive que me debruçar sobre a escrita com um cuidado redobrado. E não é que gostei da sonoridade, com um sabor único a uma ancestralidade circunscrita, mas quase familiar?
    Um setembro que nos aconchega, Teresa.

    Um grande abraço :)

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    1. Foi uma bela descoberta, caro amigo AC. E, cada um, que se entregue ao prazer de ler em mirandês, talvez fique viciado como eu. É um trabalho de encanto e pesquisa que não tem fim. E essa familiaridade sabe tão bem!
      Um grande abraço. :)

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  5. O cheiro deste Setembro é maravilhoso! A fruta e violetas!
    Adoro uvas brancas moscatel e gostei de te ler em mirandez.
    Dias esperançosos, lindos e calorosos.
    Acho o canto muito especial.
    Beijinhos, querida Teresa.
    ~~~~~

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  6. aqui a poetisa, irmã siamesa da talentosa artista plástica, Teresa Almeida, tece, em palavras, uma belíssima aguarela e nela se derrama, inteira e genuína!

    gostei muito, minha amiga

    beijos

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  7. Prezada amiga Teresa,
    Linda esta casa em setembro,
    Com parreiral como membro
    Do patrimônio - é riqueza
    Que nos deixa a alma acesa
    Dado o vinho em Portugal
    Ser o sensacional
    Vinho que amo e respeito
    Como excelente! a efeito
    Por não ser varietal.

    Belo poema em galego! Parabéns! Abraço cordial. Laerte.

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  8. O mirandés (segunda língua oficial de Portugal) encontra a maior proximidade com o galego. Têm o mesmo berço.
    Grata, caro amigo Laerte.

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  9. uma postagem cheia de poesia, inclusive na fotografia, entendi grande parte do poema, que parece ser muito bonito, a língua parece uma mistura de português com espanhol, em alguns versos, fico contente por conhecer um pouco mais através de ti, e a música é bonita também, um beijo, Teresa!

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  10. I o meu prazer de ler a tua poesia cuntinua.
    Cumo siempre...
    Excelente, gostei imenso deste poema mirandês. Cheira a Setembro e à tua interessante pessoa.
    Bom fim de semana, querida amiga Teresa.
    Beijo.

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  11. Aplaudo com gosto a sua preocupação em manter vivo o mirandês.
    Li e percebi e inspirado pela ideia escrevi:

    Sentado nas escaleiras,
    Olho a beleza imensa
    Dessa natureza intensa,
    Sob o dossel das parreiras.
    Sinto o cheiro do vinhedo
    Do moscatel, malvasia;
    O canto do passaredo
    Tudo alegra em sintonia.

    Saudações poéticas.
    Juvenal Nunes



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  12. Um cenário encantador você descreveu. Diante dele, bastava saborear a beleza que oferecia. As palavras, lidas ou escritas, poderiam esperar. Lindo! Bjs.

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  13. Mais uma vez, a imagem completou magistralmente, a sua poética descrição, do mês de Setembro, Teresa... e das emoções, aromas e sabores, que o mesmo nos transmite!... Moscatel e D. Maria... sempre a minha preferência, quanto a uvas brancas... adorei saboreá-las nesta fantástica inspiração...
    Beijinhos! Feliz domingo e votos de um óptimo feriado!
    Ana

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  14. Preciosa tela pintada com palavras escolhidas e sumarentas. A outra pode esperar enquanto espraiamos os olhos por esse rincão, em que nos leva de descoberta em descoberta. Depois de saciados, voltaremos com aguarelas pintadas no olhar. E lê-la-emos também nessa lhéngua doce e perfumada.

    Querida Teresa, aqui nos tem presos nas sua palavras e na sua sensibilidade.

    Poema lindo, lindo! Adorei.

    Beijos
    Olinda

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  15. Os aromas de setembro. As uvas moscatel. Os frutos. As flores silvestres... Tudo nos dizes nesta língua mirandesa a saber a mel.
    Uma boa semana com muita saúde.
    Um beijo.

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  16. Penso que o cérebro corre sempre atrás da lei do menor esforço ...
    Não vi o “ sonso” linguarejar dos nosso tempos e então, “ há que subir”- pensei...
    E deu- se um clic...” que lindo “ !
    E habituadas que fomos a “ descodificar “ a poesia trovadoresca ( sei que não é para comparar...) dansei ao teu ritmo, subi essas tuas escarpas tão melancolicamente pintadas e fiquei deliciada !
    E agora, um abração !

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