Esperava-te ao postigo
Com o coração num punho
A casa assombrava-se quando saías
E todos passavam atarefados
Não me queixava, nem sabias
Que a casa era grande
Para um coração pequenino
E que histórias de terror
Andavam de boca em boca
Esperava-te ao postigo
E a vida recomeçava quando chegavas
Com o tempo às costas
Exausta e tanto para fazer
E da agricultura não te desligavas
Vida que, por vezes, comandavas
Mais tarde parecias minha filha
Eras tu que ficavas ao postigo
Com o coração num punho
E o mundo só tinha encanto
E a alegria só recomeçava
Quando eu chegava.
Speraba-t'al postigo
Speraba-t' al postigo
Cul coraçon nun punho
La casa assumbraba-se
Quando salies
I todos passában chenos de priessa.
Nun me queixaba, nien sabies
Que la casa era grande
Para un coraçon pequerrico
I que stórias de grima
Fazien córrio por ende.
Spraba-t'al postigo
I la bida riampeçaba
Quando chegabas
Cul tiempo a las cuostas.
Sbaforida i tanto para fazer
De la tierra nun t' apartabas
Bida que a las bezes
Quemandabas
Mais tarde, parecies mie filha
Eras tu que quedabas al postigo
Cul coraçon nun punho
I l mundo solo tenie sentido
I l'alegrie solo riampeçaba
Quando you chegaba.
Speraba-t' al postigo
Cul coraçon nun punho
La casa assumbraba-se
Quando salies
I todos passában chenos de priessa.
Nun me queixaba, nien sabies
Que la casa era grande
Para un coraçon pequerrico
I que stórias de grima
Fazien córrio por ende.
Spraba-t'al postigo
I la bida riampeçaba
Quando chegabas
Cul tiempo a las cuostas.
Sbaforida i tanto para fazer
De la tierra nun t' apartabas
Bida que a las bezes
Quemandabas
Mais tarde, parecies mie filha
Eras tu que quedabas al postigo
Cul coraçon nun punho
I l mundo solo tenie sentido
I l'alegrie solo riampeçaba
Quando you chegaba.
Teresa Almeida Subtil
Um poema cheio de sensibilidade, penso que feito para a tua mãe. Porque só com as mães é que a vida recomeça sempre que estão ao nosso lado. As mães: o colo côncavo de afecto...
ResponderEliminarCuida-te bem, minha Amiga Teresa.
Uma boa semana.
Um beijo.
Lindo de se ler!
ResponderEliminarBoa semana 🙏
Gostei bastante do poema! :))
ResponderEliminar--
"É preciso acreditar em bons ventos"
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Beijo, e uma excelente Semana
Proteja-se...
Fiz exactamente a mesma leitura que a Graça... eu já estou na fase de começar a tomar conta duma filhota, assim e bastante rebelde, por vezes... com alguma dificuldade em fazer o que lhe mandam... para mais em circunstâncias tão estranhas de pandemia...
ResponderEliminarE às vezes sou eu que dou por mim ao postigo... esperando voltar ao tempo... em que todos os papéis estavam distribuídos... de outra forma... em que o papel principal... estava bem longe de ser o meu...
Um belíssimo e sentido texto, com o qual muito me identifiquei!...
Um beijinho, Teresa, estimando que tudo esteja bem aí desse lado!... Feliz semana, com saúde para todos!
Ana
Que lindo, querida Teresa, vê-se, que em dado momento a situação se reverteu! Tanto sentimento...
ResponderEliminarLindíssimo! Toca lá no fundo...
Uma ótima semana, cuide-se bem.
Bjsss.
Como admiro demais a sua escrita, e já o disse aqui, só posso reafirmar a beleza de seu poema. Transformações que a vida nos impõe. De filhas passamos a mães. E isso é belo, quando há reconhecimento, cuidado, ternura... Bjs.
ResponderEliminarMuito belo Teresa! Eis como um simples postigo pode ser tão importante numa vida! Na sua subtil simplicidade, o poema agita múltiplas emoções. Maravilhoso!
ResponderEliminarCuida-te bem Amiga Teresa! Muita saúde!
Beijos
Eram tempos muito difíceis em que era forçoso ir trabalhar, deixando em isolamento crianças e idosos...
ResponderEliminarTanto ficava ''com o coração num punho'' quem ficava, como quem partia para o labor agrícola...
Pedaços de intensa emoção poetizados com grande sensibilidade.
Tudo pelo melhor. Beijinhos, Teresa.
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Boa tarde Teresa,
ResponderEliminarMagnífico poema repleto de memórias num cenário bucólico que muito apreciei e que me fez recuar no tempo.
Um beijinho e continuação de uma boa semana.
Ailime
Oi, Teresa! Eu sempre aprendo algo ao visitar teu blog e ler os teus poemas, inclusive sobre palavras que não costumamos usar aqui no Brasil, "postigo", por exemplo. Sobre o vídeo, eu vi o nome Víctor Jara e pensei que fosse alguma música do compositor/cantor chileno que admiro muito, mas descobri que é um conjunto português, muito interessante, inclusive, a começar pelo nome! Um beijo.
ResponderEliminarum tempo circular a condensare-se na devoçao filial
ResponderEliminare na transfiguração do "vivido". como se fora "oração" ...
poema de grande e delicada sensibilidade,
qual "murmúrio da memória".
muito belo, Teresa Almeida
poema de excelência
beijo
"condensar-se", deve ler-se
EliminarMemórias de um passado que nos toca, belas e adocicadas pela poesia.
ResponderEliminarVotos de boa inspiração
Olá, Teresa, gostei muito desse cálido canto de gerações amalgamados pelos sentimentos que envolvem mãe e filha.
ResponderEliminarUma boa semana, minha amiga Teresa Almeida.
Beijo
Ao ler este seu poema, amiga Teresa, lembrei-me da minha avó materna. Quando íamos passar uns dias com ela e saíamos para ir ao cinema ou dar um passeio, em chegando a hora marcada por ela, não saía da ombreira da porta enquanto não chegássemos.
ResponderEliminarAdorei esse carinho patente em suas palavras e a imbricação de dois tempos, marcantes, de cuidados e amor.
Beijinhos
Olinda
O tempo vai passando e as gerações sucedem-se, mas os postigos mantêm-se.
ResponderEliminarExcelente poema, continuas a escrever magistralmente.
Bom fim de semana, querida amiga Teresa.
Beijo.
Um postigo feito de esperas
ResponderEliminarO nosso mundo só tem alegria e faz sentido, quando estamos ao lado daqueles que amamos.
Maravilhoso poema
Beijinhos
Boa noite Teresa querida.
ResponderEliminarUm poema que retrata sem tirar nem por a realidade das mães na espera dos filhos, olhos vidrados nos postigos até que gire a maçaneta da porta. Lindos sentires.
Boa noite de e boa semana.
Bjss
Os papeis invertem-se, mas a vida é mesmo assim, querida Teresa. A tua mãe saía para trabalhar na agricultura e tu, pequenina, ficavas de coração apertado. Faltava-te o afeto por umas horas. Como isso te doía! Depois, é a tua mãe que ao postigo (tal linda a ideia de esperar quem amamos ao postigo!), anseia que tu chegues.
ResponderEliminarRetratas tão bem os tempos de outrora na tua escrita e no teu coração, pois é aquilo que ainda sentes e recordas.
Beijos e boa semana!
Quase me escapava a leitura deste seu
ResponderEliminarbelo e expressivo poema, minha amiga,
não tivesse eu hoje querer responder aos
seus amáveis comentários.
Ao lê-lo agora vejo o quanto amor de filha
pode conter um coração. É realmente um
grande momento de poesia.
Gosto muito da Brigada Vítor Jara e, se
quiser, veja "canto de amor e trabalho" no YouTube, uma canção que muito me diz:
https://youtu.be/AxM1e_oKE8k
Uma canção que talvez venha também
a coadenar-se com o seu poema.
Uma boa semana, Teresa, e muita saúde.
Cuidem-se.
Beijos
Essa palavra “ postigo” traz- me memórias da terra que me viu nascer .
ResponderEliminarNa cidade , a porta tem um óculo minúsculo para se ver quem nos bate a porta .
Mas na aldeia , abre- se o postigo onde o rosto retrata a alegria dos bem vindos .
E como soubeste aliar a saudade ao amor !
Um grande abraço 🌷
Que lindo!
ResponderEliminarAssim é a vida, as situações mudam, mas o amor em nossos corações pelos nossos permanece!
Bjs