sexta-feira, 1 de novembro de 2019

A Casa II


Estranha, de ausências desmedidas
Espaço imenso e paredes gretadas

E eu? A quem digo das emoções?

Nas janelas faltam chilreios
E gerânios esculpidos no horizonte.
Não vejo a ponte e as cores do alvoroço.

Só os verdes das magnólias
E as flores brancas dizem de nós.
E o azevinho de bolas vermelhas
Aproxima a ternura do Natal
Que desenhavas no olhar

Chegaram os primeiros frios
E, talvez, a fogueira
Arda no peito e o azevinho enfeite
O parapeito da chaminé
E o Natal comece hoje pela manhã
E o poema rebente na euforia de outrora
E o vazio se desfaça agora

Como se a casa voltasse
Em toda a harmonia do traço
E do laço branco que ataste
Nos meus cabelos de menina.

Teresa Almeida Subtil







13 comentários:

  1. A poesia é uma das tuas casas...
    Poema soberbo, parabéns pelo talento.
    Teresa, tem um bom fim de semana.
    Abraço.

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  2. Um lindo poema que despertou em mim a nostálgica própria dessa época!

    Beijinhos

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  3. nunca mais as casas voltam intactas, minha querida amiga
    mas marcam a paisagem dos dias, sei bem!

    uma nostalgia serena e a finíssima dor das ausências
    num poema de grande beleza e sensibilidade.

    gostei muito. Teresa

    beijo

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  4. Quando a infância vai ficando cada vez mais longe, as casas tornam-se mais pequenas e mais envelhecidas. Mas estão lá as pedras para gritarem todas as memórias que ficaram…
    Sempre tão belos, os teus poemas.
    Um grande beijo.

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  5. A nostalgia do teu poema em consonância com a imagem com voz mas que nos obriga a meditar.
    Quando o vazio se instala numa casa cheia de história, a consciência aconchega-se ao silêncio para ouvir ainda, como refúgio, a estória escrita em cada objecto que fala. E aquieta-nos. Ou somos invadidos pela impotência.É a impermanência do tempo!
    Tão inquietante e belo o teu poema!
    Beijinhos!

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  6. A imagem do azevinho
    Fez-me antever o Natal
    Por ti - primeiro sinal.
    Eu já o vi de pertinho.

    Viva teus versos! E um vinho
    Ao brinde entre Portugal
    E o Brasil - do litoral,
    Com muito amor e carinho!

    E mais um viva à Teresa!
    Repouso a taça na mesa
    E corro a ti, a um abraço

    Pelo teu lindo poema
    De uma beleza suprema
    Terminado em alvo laço!

    Belíssimo o teu poema, Teresa! "O gerânio esculpido no horizonte" é demais! Linda figura! Parabéns! Abraço cordial! Laerte.

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  7. Uma casa de família antiga, um outono que arrefece
    e aprofunda o silêncio da natureza, falta de aconchego
    e de emoção, evoca-se o Natal como encorajamento e como
    alivio da nostalgia.
    Novembro é, mesmo, assim... e o teu poema está belíssimo.
    Abraço grande, querida Teresa.
    Tudo pelo melhor.
    ~~~
    ~ Ps ~ Também usei laço no cabelo...
    ~~~~~

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    1. Tenho hoje no A Vivenciar uma homenagem especial.
      Beijinhoa
      ~~~~

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  8. Não sei, que fascínio e que perfume pões tu nos teus poemas, não sei, mas sei que me agradam sobremaneira, Teresa!

    Recordações de outrora, da Casa II, como lhe chamas, onde tudo lembra a saudade. O tempo não volta atrás, já todos sabemos, todavia tu consegues pôr-te e pormo-nos em sintonia com esses tempos e lugares. Tão bom!

    A música escolhida, tal como a fotografia continuam as tuas bonitas e sentidas palavras em verso. Tão rico o teu vocabulário, as tuas comparações e metáforas! Obrigada!

    Beijos e boa semana.

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  9. Querida Teresa

    Demorei um pouco a vir habitar esta casa, tão bela, que nos fala de coisas passadas mas que permanecem no sentir nas recordações. Uma nostalgia boa, um laço branco, uma menina e todo um mundo de Poesia, com que a minha Amiga faz os nossos dias mais harmoniosos.

    Adoro lê-la, Teresa. Saio daqui mais em paz comigo, levando no coração um presente inestimável.

    Beijinhos

    Olinda

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  10. Gosto desta leveza na palavra esculpida, nos laivos das memórias e sonhos e seivas de vida, do coração cristalino do lugar, da melancolia, de tudo com o que você veste o poema. Deste claro canto dentro da Casa evocada! Do jorro poético que nos lava a alma!
    Como diz a Olinda, como nos faz bem ler-te!
    Um beijo, minha amiga Teresa!

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  11. Gostei muito de reler este excelente poema.
    Querida amiga Teresa, tem um bom fim de semana.
    Beijo.

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  12. Adorei esta casa, tão plena de boas memórias...
    Mais uma pura maravilha poética, que é uma verdadeira delícia apreciar!
    Beijinho
    Ana

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