domingo, 17 de dezembro de 2017

Lenços, boinas e rebuçados

Publiquei este poema (pela primeira vez), na "LITERATURA DE NATAL" da Academia de Letras de Trás-os- Montes/2017. É que sinto nele várias assinaturas. O Natal, na minha infância  era íntimo e pleno de afetos. 




Lenços, boinas e rebuçados

A boina, comprada em contrabando
Tua imagem de marca.
Tempo de telhados escuros e carambelo
Pendurado. Rebuçados da criançada.
E a salto era a vida entre povos irmãos.
E eram de seda os lenços
Que trazias junto ao coração.

Os sonhos sobravam-te nas mãos.
E passavam para as minhas – pequeninas.
Multiplicados.
As estrelas exultavam nos teus olhos.
E os meus eram borboletas e botões.
Trinados e campainhas.

Entre os dois, o riso era rio de infinitos.
O picão dos medos era púlpito de salmos.
E na ternura da tua voz e ao frio abraçado
Trazias o Natal para nós.

Pai, que bem te ficava a boina!

Teresa Almeida Subtil





Participação em E-Book, no Solar dos Poetas




6 comentários:

  1. Querida amiga,
    a Natureza cola-se à tua pele de tal forma que dela e com ela fazes, ora alegres colchas de sonhos e retalhos, ora paisagens interiores e exteriores de cetim.o Eu e o Tu unem-se ora na grandeza da alma, ora na plenitude dos gestos! Grande a tua poesia, Teresa!
    FELIZES FESTAS
    Terno abraço

    ResponderEliminar
  2. As tradições e a memória, juntas neste magnífico poema, Teresa.
    Que tenhas um Natal muito bom e que o novo Ano te traga todos os motivos de esperança e amor...
    Um beijo.

    ResponderEliminar
  3. Que época linda para dizer do amor, da generosidade, da esperança e da saudade, querida Teresa!
    Que tenhas um Natal que sonhas e um 2018 de mais sucesso e muita paz para o mundo!
    Beijo, querida amiga, obrigada!

    ResponderEliminar
  4. Teresa, minha amiga

    um universo de magia, na amorosa cumplicidade de pai e filha. muito belo este mergulho no teu "Rio de Infinitos"

    (boina basca - só pode!)

    beijo

    ResponderEliminar
  5. Um poema belíssimo e especial do
    encantamento da memória, um rio infinito
    de ternura da magia do natal, o teu natal e
    o teu pai (noel) a inscrever na tua bela
    alma, as estrelas. ..
    Tão belo o teu sentir poético e o teu
    talento nos teus projetos a semear
    a poesia, querida Teresa.
    Reforçando os meus votos de abençoado
    Natal junto com a tua família e 2018 repleto
    de sonhos e realizações, minha amiga.
    Beijinhos.

    ResponderEliminar
  6. Tempos difíceis, quase heróicos, mas em que cada coisa tinha o seu significado concreto, alérgico ao dúbio. Ficaram as memórias, impregnadas de afectos, transmitidas a outros, e a outros, numa corrente infindável de preservação das origens. Assim sendo, a boina tem o significado que merece.

    Parabéns, Teresa!

    Um beijinho :)

    ResponderEliminar