terça-feira, 5 de maio de 2020

Prova de fogo


Há alturas

Em que as palavras perdem sentido

Como noites em claro

Ou gritos ao alto da montanha

Sem repercussão.


Não resistem à revisão geral

É vida gasta, jornal desfeito

Ferido.

Não apontam estrelas

Nem aportam ao cais de salvação. 



Falta-lhes húmus, viço, fulgor.



Sensaboronas,

São amarfanhadas e despejadas

Em vão de escada, ao lado do artigo

Infecioso, abolorecido.


E quando a fogueira explode

Vagueiam chispas, clarões, energia

E até no inferno se agitam - as palavras

E salvam o poema que nelas

Ardia.


Teresa Almeida Subtil






16 comentários:

  1. Olá:- Versos poeticamente perfumados que me encantou ler.
    .
    Um dia feliz
    Cuide-se

    ResponderEliminar
  2. Boa tarde Teresa,
    Um belíssimo poema!
    Há momentos em que as palavras nos ardem nas mãos, mas o poema sempre emerge, porque as palavras estão vivas.
    Beijinhos,
    Ailime

    ResponderEliminar
  3. São realmente uma prova de fogo.
    O melhor é que sempre explodem para a nossa alegria,
    tal como ocorreu com este lume que se alastra.
    Um beijo, minha amiga!

    ResponderEliminar
  4. Um Poema sublime. Uma musica poderosa e uma imagem brilhante! AMEI!:))
    Beijos. Boa tarde!

    ResponderEliminar
  5. poema que explode em esplendor
    ainda que a claridade se alimente de palavras gastas
    a que lhes "húmus, viço, fulgor".

    poema visceral. forte. autêntico.
    e, no entanto, tão sensível e vibrante!

    momento alto de poesia, Teresa!
    parabéns. beijo



    ResponderEliminar
  6. Gostei do poema, Teresa, teus versos abriram margens para muitas interpretações na minha mente, são versos que transmitem uma força que nem sempre percebo nas tuas palavras mais geralmente cheias de delicadeza. As palavras podem brotar de tantas intenções, podem nascer das vísceras, inclusive. A imagem é muito bonita. Um beijo.

    ResponderEliminar
  7. "a que lhes falta húmus, viço, fulgor ..."
    corrijo

    ResponderEliminar
  8. Disse-me em tempos um poeta já falecido, autor de alguns poemas
    cantados pela Amália que, com as palavras fazia o que queria: era uma questão de jogar com elas. Essas, sim, palavras que eu aqui vejo retratadas neste belo poema, sem ardor, sem emoção. Ardem no inferno sem salvação e só escapa a intenção do poema construído.
    Gostei muito, minha amiga Teresa.
    Um beijo
    LuisM Castanheira

    ResponderEliminar
  9. Nesta prova de fogo, ainda à um povo resistente que assiste a uma serenata ao luar. Abraço.

    ResponderEliminar
  10. Que o poema se salve é o que desejo. As tuas palavras são à prova de fogo, sei disso… Que bom foi ouvir aqui a Amália.
    Muita saúde, minha Amiga Teresa.
    Um beijo.

    ResponderEliminar
  11. Por vezes, as palavras parecem gastas numa prova de fogo vital,
    porém, podem salvar o poema, quando o poema as salvar...

    Um poema veemente que nos fala de uma prova de fogo planetária...
    Uma foto impressionante... Uma publicação singular...

    Querida Teresa, que nunca lhe faltem palavras vivas como estas.
    Terno abraço.
    ~~~~

    ResponderEliminar
  12. Mas as tuas palavras nunca perdem o sentido.
    Excelente poema (mais um...).
    Teresa, continuação de boa semana.
    Beijos.

    ResponderEliminar
  13. Mas por aqui... a paixão das suas palavras, Teresa... resiste sempre a qualquer prova de fogo!...
    Ardentes... as palavras... e a fabulosa imagem que as acompanha!...
    Magnifica publicação, Teresa!
    Beijinho! Votos de um excelente fim de semana, estimando que se encontre bem, assim como todos os seus!
    Ana

    ResponderEliminar
  14. Poema intimista, de reflexão e, como tal, nos toca fundo.

    No correr dos dias aflige-nos o descaso com que as palavras são empregues, vazias, sem substância. Parece uma repetição sem sentido.

    Mas, aqui neste seu poema, querida Teresa, as palavras encontram a sua morada de redenção. Elas têm viço e cor e húmus.

    Viva a Poesia!

    Beijinhos

    Olinda

    ResponderEliminar
  15. No entanto, cara Teresa, não obstante as nuvens negras, com lugar reservado no estacionamento para muito tempo, há algo, no recato do silêncio, que fermenta, em prol de novos rumos.
    Esperança, sempre!

    Um beijinho :)

    ResponderEliminar
  16. Querida Teresa, palavras suas, em que versos forem, sempre são fortes, nunca vazias, e vão na direção certa, como se fossem flechas. Em algum lugar vão cravar profundamente!
    Beijo, amiga, deixo aqui meu carinho e votos de felicidade sempre.
    Beijo!

    ResponderEliminar